Economia

Carne aumenta 16,33% e força comerciantes a passar o custo para os clientes

postado em 09/11/2010 08:00
; Zulmira Furbino
; Tereza Rodrigues

A estiagem e o aumento do consumo e das exportações da carne brasileira, que estão pressionando os preços do produto, já obrigam restaurantes e churrascarias a reajustar os seus cardápios. Levantamento feito pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) indica que a valorização da carne bovina, suína, de aves e dos pescados tem potencial para encarecer a conta nas churrascarias entre 5% e 10%, conforme o nível de sofisticação dos estabelecimentos.

A elevação tende a ser maior nas casas mais simples do ramo. Nos restaurantes, o repasse poderá ser de 1% a 2%. Os aumentos já começaram a ser aplicados, em ritmo determinado pelas empresas, em todo o país, sustenta o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci. Na semana passada, a carne chegou a ser reajustada seis vezes consecutivas nos açougues de algumas cidades.

Nos cálculos da Fundação Getulio Vargas (FGV), nos 12 meses encerrados em outubro, o preço da carne bovina subiu em média 16,33%; o da carne suína, 10,49%; o das aves, 4,2% e o dos pescados, 11,53%. Em igual período de 2009, houve queda nos valores de 2,48%, 6,36% e 1,45%, respectivamente, com os frutos do mar subindo 1,41%. O economista André Braz, da FGV, explica que as elevações nos preços desses produtos são naturais neste período do ano, mas foram mais intensas em 2010.

Na churrascaria Porcão, a inflação dos alimentos vai ser determinante no reajuste do preço do rodízio, afirmam os administradores de algumas unidades da rede. Nela, o preço da carne representa até 50% do valor de venda. Diante dos aumentos consecutivos, será impossível deixar de repassar essa elevação de gastos, mas o grupo pretende assumir uma parcela do aumento dos custos, reduzindo a margem de lucros.

Pilar

Edmar Roque, proprietário de seis restaurantes, calcula que a elevação dos custos com a compra da carne já teve um impacto entre 6% e 8% em sua rede. ;Numa refeição, a carne é um pilar importante na composição de custos. Até agora, conseguimos negociar com os fornecedores e realizamos uma auditoria nas lojas para repassar o mínimo possível para os clientes. Mas não será possível segurar por muito tempo;, disse.

Os consumidores começaram a sentir o impacto da evolução dos preços do produto há alguns meses. Por causa disso, o advogado Reginaldo Lasmar, que compra carne mais ou menos a cada 10 dias, adotou o hábito de pesquisar. A caminho do trabalho ou na volta para casa, ele costuma ir conferindo anúncios de promoções nos açougues por onde passa.

Pelas suas contas, mesmo dando preferência por cortes em oferta, os gastos com carne já aumentaram cerca de 20% nas últimas semanas. ;Não deixo de comprar, mas procuro não sair tão prejudicado com o aumento dos preços. Topo mudar o cardápio, mas deixar de comer carne de boi não dá, não é?;, pergunta.

[FOTO2]Produção de carros avança 5,5%

; Daniel Camargos

A indústria automobilística brasileira continua operando a todo vapor. Em outubro, saíram das fábricas 321,8 mil veículos, volume 5,5% superior ao registrando no mês anterior. As vendas, porém, recuaram 1,3%, totalizando, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 303,2 mil unidades. No acumulado do ano, tanto a produção ( 15,3%) quanto as vendas ( 8%) apontaram alta, indicando que este será um ano de recordes para o setor.

Entre janeiro e outubro, as montadoras registraram avanço de 74,8% nas exportações. Mas, segundo a Anfavea, não há muito o que comemorar, pois tal resultado representou apenas a recuperação do terreno perdido nos últimos cinco anos. Além disso, alegou a entidade, com o dólar em baixa, os veículos importados avançaram, passando a responder, no mesmo período, por 19% do mercado nacional ante os 5% computados em igual período de 2009. Esse incremento foi puxado, principalmente, pelas coreanas Kia e Hyundai.

Segundo o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, que também comanda a Fiat, há necessidade de uma política de incentivo às exportações. ;Nós entendemos que os manufaturados, que agregam valor, trabalho, são aqueles que devem ter estímulo. Talvez o Brasil deva pensar uma política para a exportação, assim como houve quando caiu o mercado interno, no fim de 2008;, afirmou, referindo-se à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que vigorou até abril deste ano. Apesar da reclamação da indústria, as exportações voltaram ao patamar de 2008 em quantidade.

Independentemente de uma ajuda ou não do governo, o diretor superintendente da consultoria Jato Dynamics, Luiz Carlos Augusto, acredita que o Brasil continuará a ser o quarto mercado mundial de veículos, atrás de China, EUA, Japão e a frente da Alemanha. ;O Brasil chegou a perder o posto para a Alemanha apenas porque houve um programa de incentivo para troca de veículos antigos por novos no país europeu, mas isso não ocorrerá novamente;, avaliou.

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