postado em 09/11/2010 14:46
Rio de Janeiro - Problemas climáticos que prejudicaram a qualidade e reduziram a oferta de produtos agrícolas tanto no mercado externo quanto internamente são apontados como o principal motivo para a forte alta nos preços dos alimentos verificada este ano. Desde janeiro, esses produtos já subiram 6,59% e exerceram a principal pressão sobre a inflação no país, que fechou o mês de outubro com alta de 0,75%, a maior para o mês desde 2002.Somente em outubro, o grupo teve aumento de 1,89%, a maior taxa para o mês desde 2002 e a mais alta desde junho de 2008.
A coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos, disse nesta terça-feira (9/11) que o comportamento dos produtos alimentícios vai determinar o movimento da inflação no próximo mês.
;Os resultados do IPCA do ano estão muito vinculados ao comportamento dos preços dos alimentos. Os alimentos determinaram praticamente sozinhos o perfil da inflação em 2010 e o resultado de novembro também vai depender deles;, destacou.
Segundo ela, o trigo é um dos produtos que foi prejudicado pela seca na Rússia, gerando impacto em toda a cadeia, como biscoitos, pães e massas. Além disso, Eulina destacou que o feijão-carioca, tipo mais consumido no Brasil, sofreu redução na área plantada por causa do baixo estímulo dos produtores, já que no ano passado os preços ficaram abaixo do esperado. Seu cultivo também foi prejudicado pela seca em regiões produtoras.
;O preço do feijão-carioca disparou. Este ano, ele mais do que dobrou, com alta de 109,78%, e só em outubro, o aumento foi de 31,42%;, ressaltou.
Ainda segundo a coordenadora do IBGE, os problemas climáticos, além do aumento da demanda externa e interna, contribuíram para a alta da carne. No acumulado do ano, o produto teve alta de 14,56%. Em outubro, as carnes subiram 3,48%.
Outros produtos que também contribuíram para a alta do índice de janeiro a outubro foram colégios (6,64%), empregado doméstico (9,55%), condomínio (5,08%) e conserto de automóvel (5,71%). Por outro lado, artigos de limpeza (1,09%), artigos de higiene pessoal (2,04%), além de combustíveis (0,35%), automóveis novos (-0,95%) e automóveis usados (-1,56%) ajudaram a conter o avanço da inflação no ano.