Economia

G20 não avança sobre "guerra cambial" antes da cúpula de Seul

Agência France-Presse
postado em 10/11/2010 09:24

SEUL - Os negociadores do G20 não conseguiram progredir nas primeiras discussões sobre os passos que precisam ser dados para sustentar a recuperação econômica, incluindo o debate sobre a "guerra cambial", às vésperas da reunião de cúpula das principais potências industrializadas e emergentes. A cúpula começa nesta quinta-feira em Seul.

Um encontro de delegados dos ministérios das Finanças, organizado na terça-feira para preparar o documento que será lido pelos líderes ao término da reunião, na sexta-feira, "não registrou avanços", disse hoje o porta-voz do comitê presidencial sul-coreano do G20, Kim Yoon-kyung.
[SAIBAMAIS]
"Cada país se manteve apegado à sua posição original. Não queriam um compromisso. O debate foi bastante acalorado", explicou Kim, sem dar mais detalhes sobre os pontos problemáticos.

Os Estados Unidos acusam a China de manter sua moeda desvalorizada para melhorar a competitividade. O país quer que os grandes países exportadores aceitem, por meio de um acordo no G20, limitar o excedente comercial de suas balanças comerciais a uma porcentagem determinada pelo PIB.

Mas Alemanha e China rejeitam a iniciativa e, junto com o Brasil, acusam Washington de ameaçar a recuperação mundial com o enfraquecimento do dólar, em particular depois do anúncio do Federal Reserve, na semana passada, de uma nova injeção de 600 bilhões de dólares para estimular a atividade nos EUA.

Se na Europa a preocupação é com o euro fortalecido, na América Latina e na Ásia teme-se que, com a taxa de juros extremamente baixa dos Estados Unidos, os dólares do Fed acabem inundando os mercados emergentes, cujo rendimento mais alto previsivelmente atrairá os investidores - o que pode criar uma bolha especulativa.

Neste contexto, a quinta cúpula do G20 - cujos membros respondem por 90% da economia mundial - tem como principal desafio recuperar a coordenação das políticas monetárias e econômicas nacionais que o grupo mostrou em sua primeira reunião, em novembro de 2008 em Washington, no início da crise.

Para alguns, a "guerra cambial" é o arauto de um retorno ao protecionismo, "o pior risco" para a economia mundial, como advertiu nesta terça-feira em entrevista ao jornal Financial Times a chanceler alemã, Angela Merkel.

Após a maratona de 14 horas de terça-feira, as discussões do G20 antes do início da cúpula continuam nesta quarta-feira, segundo o porta-voz da presidência sul-coreana.

Ao mesmo tempo, os líderes que participarão do encontro já começaram a chegar a Seul. O presidente americano, Barack Obama, desembarcou na manhã desta quarta-feira na capital sul-coreana.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação