Economia

GB detalha reforma de subsídios ao desemprego após violento protesto

Agência France-Presse
postado em 11/11/2010 14:49
O governo britânico detalhou, nesta quinta-feira, sua polêmica reforma dos subsídios ao desemprego, que põe para trabalhar os desempregados, no dia seguinte à primeira manifestação de milhares de estudantes contra o plano de ajuste, dominada pela violência.

Segundo o plano apresentado pelo ministro do Trabalho e Pensões, Ian Duncan Smith, os desempregados que rejeitarem ofertas de trabalho ou não se apresentarem aos trabalhos comunitários obrigatórios, perderão seus benefícios por até três anos.

"Nós nos asseguraremos de que o trabalho sempre pague mais do que receber subsídios", disse Duncan Smith ao apresentar seu projeto aos deputados, ao meio-dia desta quinta-feira, na Câmara dos Comuns.

O objetivo é poupar os 5 bilhões de libras (8 bilhões de dólares ou 5,8 bilhões de euros) que, segundo ele, custam anualmente ao Estado a fraude e os erros na conta dos benefícios sociais.

A redução desta conta, que representa globalmente cerca de um terço do gasto público, se insere no drástico programa de cortes do governo de David Cameron, no poder desde maio, para reduzir o déficit orçamentário e a dívida britânica.

A coalizão anunciou, em outubro, um plano para economizar 81 bilhões de libras (130 bilhões de dólares ou 95 bilhões de euros) em quatro anos.

Outra das medidas previstas no plano é o aumento do preço das matrículas universitárias a partir de 2012, o que em alguns casos poderia triplicar o custo dos estudos, o que ontem levou para as ruas milhares de estudantes.

Até 50.000 estudantes participaram desta primeira manifestação contra a coalizão governamental, que esteve dominada pela violência, depois que 200 jovens tomaram de assalto o edifício que abriga a sede do Partido Conservador, no centro da capital.

O confronto entre 200 jovens e policiais que pareciam totalmente exaltados, terminou com 14 feridos, 50 detidos e custosos danos materiais.

"Isto é só o começo", intitulou, na capa, nesta quinta-feira, o jornal progressista The Guardian.

A coalizão, no entanto, reafirmou a intenção de aplicar as medidas.

"O governo não vai dar marcha à ré sobre uma reforma necessária", disse Duncan Smith em uma de suas entrevistas matutinas por ocasião da publicação de seu Livro Branco sobre os subsídios sociais.

A principal iniciativa incluída neste Livro Branco é a que fará as pessoas sem trabalho perderem o benefício durante três meses se rejeitarem uma oferta de trabalho, seis meses se rejeitarem duas e três anos se o fizerem uma terceira vez.

A mais polêmica, no entanto, é a que obrigará os desempregados de longa duração a efetuar 30 horas semanais, durante quatro semanas, de trabalhos comunitários não remunerados, como coleta de folhas de árvores ou limpeza de pichações, sob a pena de perder os benefícios que, segundo dados oficiais, são concedidos de 1,5 a 2,5 milhões de pessoas sem trabalho do Reino Unido.

De Seul, onde participa da cúpula do G20, o premier David Cameron defendeu esta nova série de medidas, com as quais seus promotores sugerem que poderiam tirar mais de 800.000 pessoas da pobreza.

"Trabalho tem que ser pago", disse. "Não se pode ter uma situação na qual se alguém se levanta e vai trabalhar, acaba pior".

Por último, a reforma inclui ainda um plano para unificar os muitos benefícios sociais em um "subsídio universal".

As críticas não demoraram. A mais alta encarregada do braço local da organização Save the Children, Sally Copley, disse que as sanções criavam um "clima de medo", enquanto a diretora da Oxfam, Kate Weiring, advertiu para o "risco de indigência" que corriam as famílias que ficarão sem rendimentos.

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