Economia

China aproveita o G20 para dar aos EUA um pouco de seu próprio remédio

Agência France-Presse
postado em 12/11/2010 14:15
O presidente chinês Hu Jintao aproveitou a cúpula do G20 em Seul para insistir que os Estados Unidos adotem "políticas responsáveis", que mantenham estável o dólar, invertendo os papeis depois de ser alvo, durante muito tempo, de críticas americanas por causa de sua moeda.

"Os principais países emissores de divisas devem aplicar políticas econômica responsáveis, garantir a estabilidade das taxas cambiárias", declarou nesta sexta-feira Hu ante os demais líderes do G20, entre eles o presidente americano Barack Obama, indicou à AFP um membro da delegação chinesa na capital sul-coreana.

Acostumada a ser alvo de acusações pela instabilidade da economia global em função de sua política monetária, Pequim criticou com dureza a decisão tomada na semana passada pelo Federal Reserve, o banco central americano, de injetar 600 bilhões de dólares no circuito financeiro.

Para a China, como para a América Latina, estes novos capitais são uma ameaça, já que poderão dirigir-se de forma maciça para os mercados emergentes em busca de melhores rendimentos que os que oferecem os Estados Unidos e provocar bolhas especulativas.

Nesse sentido, Hu disse querer reforçar a capacidade de resposta dos países emergentes e em desenvolvimento ante as crises financeiras e os movimentos de capitais especulativos.

Hu declarou na quinta-feira que o yuan necessita de um ambiente muito favorável para ser revalorizado, algo que não existe atualmente em função da fragilidade da reativação e o fato de que a valorização da moeda chinesa reduz as margens dos exportadores do gigante asiático.

Os principais sócios comerciais da China, com os Estados Unidos na frente, reclamam uma revalorização rápida do yuan.

Um alto funcionário americano disse nesta sexta que Washington se sentia muito animado com a vontade chinesa de apreciar o yuan, que subiu cerca de 2% em relação ao dólar desde junho passado, quando Pequim decidiu permitir uma maior flexibilização na cotação de sua moeda.

Durante seu discurso no encerramento da quinta cúpula do G20, o presidente Hu apresentou um plano de quatro pontos para garantir um crescimento mundial forte, duradouro e equilibrado, de acordo com mesma fonte.

"Os mercados financeiros internacionais são voláteis, há uma grande flutuação das grandes moedas, os preços das matérias-primas são altos e existe um claro aumento do protecionismo", assinalou o presidente chinês ao pintar um obscuro panorama da situação econômica mundial.

"Devemos continuar nos opondo ao protecionismo sob qualquer forma e desmantelar as medidas protecionistas existentes", enfatizou.

Durante um encontro bilateral à margem do G20, Hu Jintao prometeu a seu colega Barack Obama que incrementará o diálogo e a cooperação com os Estados Unidos.

De seu lado, Obama assinalou que os dois países, como potências econômicas e atômicas, têm a obrigação de trabalhar juntos para favorecer o crescimento mundial e impedir a proliferação nuclear.

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