Vera Batista
postado em 13/11/2010 07:39
A aversão ao risco tomou conta ontem do mercado, pelo temor de alta de juros na China e pela desconfiança de calote na dívida da Irlanda. Contribuiu também a percepção de que o governo brasileiro adotará medidas mais duras para conter a valorização do real, diante dos resultados pouco animadores da reunião dos líderes do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias), em Seul, Coreia do Sul. Nesse cenário, o dólar, depois de oscilar entre R$ 1,715 e R$ 1,725, encerrou o dia subindo 0,29%, cotado a R$ 1,724, o maior nível desde 20 de setembro. A moeda norte-americana acumulou alta de 2,62% na semana e de 1,23% no mês. Mas, no ano, ainda está perdendo 1,15% frente ao real. Analistas esperavam que os Estados Unidos insistiriam na aplicação da política monetária para incentivar a economia. Mas começam a suspeitar que a injeção de US$ 600 bilhões do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) talvez não tenha o resultado esperado. O Fed já comprou US$ 7,2 bilhões em títulos com vencimento em quatro e cinco anos. Segundo um economista que acompanha o mercado, o governo norte-americano está tentando, mas ainda não conseguiu o que deseja. O grande problema vem da China, que ;pouco fez, se fingiu de morta e saiu ganhando sem esforço;.
No segmento acionário, o Ibovespa, índice mais negociado na Bolsa de Valores de São Paulo, encerrou em queda de 1,15%, aos 70.367 pontos, em dia de poucos negócios por causa do feriadão. A bolsa paulista despencou 3,08% na semana, acumulando perda de 0,43% no mês. Mas registra valorização de 2,59% em 2010. Especulações em torno de possível elevação dos juros na China também provocaram impacto em algumas das principais bolsas internacionais. Em Nova York, por exemplo, o índice Dow Jones retrocedeu 0,47%. Em Frankfurt, entretanto, houve leve alta de 0,17%.
AMEAÇAS A BANCOS
Parlamentares venezuelanos aprovaram ontem, numa primeira votação, projeto de lei que força os bancos a destinarem 5% dos lucros para entidades sociais e facilita sua estatização. A proposta simplifica a aquisição e o fechamento de bancos falidos, permitindo que o presidente Hugo Chávez autorize pessoalmente essas medidas. Também declara as instituições financeiras como de ;utilidade pública;, iniciativa que tem precedido as estatizações na Venezuela.
;Qualquer banco privado que não se submeter à lei deve ser nacionalizado;, disse Chávez. O Estado já domina um terço do sistema bancário do país. ;O espírito é proteger os usuários, não os banqueiros, como acontecia;, afirmou o deputado Ricardo Sanguino, presidente da Comissão de Finanças da Câmara.
SOCORRO À IRLANDA
; A Irlanda está negociando com a União Europeia um empréstimo de emergência e é muito provável que seja beneficiada com um programa de auxílio, disseram ontem técnicos que acompanham as conversas. ;As tratativas estão acontecendo e o dinheiro do Fundo de Estabilidade Financeira Europeia será usado. Não haverá descontos ou reestruturação ou qualquer coisa do tipo;, disse uma fonte, negando que o governo irlandês vá decretar o calote na dívida. A intenção é dar tranquilidade aos investidores, que temem ver suas aplicações em títulos públicos do país virarem fumaça. O mercado ainda espera o anúncio do tamanho da ajuda e de quando ela vai sair. ;Não posso confirmar nada;, afirmou o comissão de Finanças da Zona do Euro, Jean-Claude Juncker.