postado em 13/11/2010 08:00
Ainda falta um mês e meio para o Natal, mas os comerciantes já refazem as contas e preveem o melhor fim de ano em pelo menos uma década. Na avaliação dos empresários, com o aumento do poder de compra da população, devido aos ganhos salariais, à maior oferta de emprego e à expansão do crédito, é possível apostar em vendas recordes. Na média, os projeções apontam para faturamento 12% maior do que o registrado no Natal de 2009. Há, porém, os que projetam um salto de até 20%.Tais expectativas foram consolidadas ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O comércio registrou, em setembro, avanço de 0,4% sobre agosto deste ano e de 11,8% ante o mesmo período de 2009 ; o maior aumento nessa comparação desde 2001. Foi o quinto mês consecutivo de crescimento nas vendas. O momento está tão favorável para o varejo, que os consumidores mais precavidos já estão antecipando as suas compras de fim de ano para garantir preços menores e maior variedade de produtos.
Que o diga a servidora pública Antonia Silva, 36 anos. Ela já está formando o estoque natalino, pesquisando preços em vários shopping centers. A ordem é arrematar os presentes da família com antecedência para não gastar demais. ;Procuro os produtos com o melhor valor e adoro as promoções. Meu filho já sabe o que quer;, disse. Com cinco anos de idade, Antonio Silva, pediu à mãe um notebook.
A demanda está diversificada: calçados, roupas, aparelhos de televisão, computadores e telefone celular. Esses produtos, por sinal, deverão liderar a relação dos mais vendidos, segundo a estimativa do diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Allshhop), Luiz Augusto Ildefonso da Silva.
Kadu Santana, gerente de uma loja de roupas, prevê crescimento de 15% nas vendas e prepara promoções com até 70% de desconto. Para tanto, deverá dobrar o número de vendedores. ;Temos 10 pessoas na nossa equipe hoje. Na semana do Natal, precisaremos de pelo menos mais 10;, afirmou.
Inflação
Segundo Reinaldo Silva, economista do IBGE, em setembro, as vendas do varejos foram puxadas, sobretudo, pelos setores de informática e comunicação. ;Com os preços corrigidos abaixo da inflação, os computadores e os celulares serão destaque no Natal, porque estão incorporados à rotina da população brasileira;, afirmou. ;Os dados do IBGE confiram o que estamos vendo em nossas lojas;, acrescentou João Marcos Mesquita, gerente de Marketing do Conjunto Nacional. ;Temos um polo de eletroeletrônicos que responde por 50 % das vendas desses produtos no Distrito Federal;, frisou.
Para o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, a animação dos consumidores neste ano reproduzirá, com mais entusiasmo, natais emblemáticos, como os de 1994 e 1995, quando a forte queda da inflação e o dólar cotado a menos de R$ 1 inundaram a casa dos brasileiros de importados e de produtos antes impensáveis na cesta da classe média. ;Vemos, neste momento, uma conjunção de fatores favoráveis que farão deste Natal uma festa de preços baixos;, disse.
As pesquisas mostram que os presentes levarão cerca de 55% do dinheiro recebido como 13; salário e parcela significativa dos consumidores pagará suas compras a prazo, podendo chegar a até 24 parcelas. ;Na nossa avaliação, haverá o predomínio de quatro parcelas. Acreditamos que os consumidores usarão a razão e guardarão ao menos 30% do salário para enfrentar as despesas de início de ano, como impostos, taxas e material escolar;, afirmou. Para recorrer aos crediários, os consumidores deram início a uma corrida na tentativa de tirar o nome da lista negativa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
Mercadorias escassas
A vontade com que os consumidores estão indo às compras está fazendo com que vários produtos natalinos desapareçam das prateleiras do comércio. Muitos dos empresários que fecharam os contratos de importação em janeiro último e não acreditaram em crescimento das vendas neste fim de ano estão com as mercadorias escasseando. As mercadorias, que chegaram principalmente da China, não serão repostas a tempo. Vários comerciantes lamentam o conservadorismo no planejamento dos estoques.
O negócio tem se mostrado tão rentável que Bruna Marques Pessoa, 28 anos, alugou um ponto no início do ano para abrir as portas só em setembro. Ela prevê aumento de mais de 15% nas vendas em relação ao Natal de 2009. ;Estamos com alguns itens natalinos esgotados desde outubro;, contou.
Não bastasse o total de produtos estar diminuindo em um ritmo além do esperado, a empresária está tendo de lidar com a falta de mão de obra qualificada. ;Os candidatos que querem uma vaga no comércio devem gostar da festa natalina. É um sentimento que vem de família. Também precisam entender as diferenças em relação a outros produtos;, afirmou.
Hora de diversificar
Para o próximo Natal, Bruna enxerga a possibilidade de diversificar o negócio. Ela pretende abrir uma loja de produtos para decoração de casas, prédios e condomínios. Segundo a comerciante, isso só será possível com o aumento do número de empregados e o treinamento de uma equipe especializada.
A empresária Maria Cristina Rodrigues Silvestre, 50 anos, é apaixonada pelo Natal e faz questão de decorar toda a casa com vários enfeites para receber os filhos e os parentes que vêm de outros estados. Entre as novidades que Maria Cristina comprou para as festas deste fim de ano estão um ponteiro para árvore e uma cascata de luzes. ;Neste fim de ano, vou gastar uns R$ 2 mil só para decorar a árvore de Natal;, avisou.
Recall da Nissan
Os donos de veículos da marca Nissan devem se preparar. A montadora japonesa anunciou ontem o recall de quase 600 mil veículos dos modelos Frontier e Xterra em todo o mundo, dos quais 35,6 mil no Brasil. A empresa detectou que há o risco de o eixo de direção se quebrar devido a corrosão. A Nissan garantiu, no entanto, que até agora nenhum acidente foi associado a tais problemas.
Pelas contas da montadora, aproximadamente 85% dos veículos que passarão por recall circulam nos Estados Unidos, mas a companhia também recebeu reclamações sobre o mesmo problema no Brasil e no Canadá. Os carros afetados foram produzidos nas fábricas da Nissan no Tennessee (EUA) e em Curitiba (Paraná) entre 2001 e 2008.
Segundo a Nissan, a corrosão da coluna de direção inferior pode limitar os movimentos dos carros e, em casos extremos, o problema pode levar à quebra do eixo de direção. Não à toa, a coluna e o eixo serão substituídos em 303 mil caminhonetes Frontier e em 283 mil utilitários Xterra. Também, 18,5 mil sedãs Sentra passarão por falha de conexão da bateria, que pode dificultar a partida dos veículos e levar à parada em casos de velocidade reduzida.
Essa á a segunda chamada de recall feita pela Nissan em menos de duas semanas. No último 28 de outubro, a montadora japonesa anunciou que faria a revisão de 2,14 milhões de veículos em seis países para reparar uma possível falha no sistema elétrico do motor. Os carros envolvidos no recall foram fabricados no Japão, nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Espanha, na China e em Taiwan.