Agência France-Presse
postado em 18/11/2010 20:58
Nova York (EUA) - A construtora americana General Motors (GM) voltou a toda velocidade a Wall Street nesta quinta-feira (18/11), onde as primeiras ações da oferta pública foram colocadas em um bom ritmo, permitindo à empresa reduzir a participação acionária do Estado.A GM anunciou nessa quarta-feira à noite que o preço da ação seria de US$ 33, mas os títulos, que foram negociados com quase 8% a mais no início do pregão, fecharam o dia em alta de 3,61%, a US$ 34,19.
O sócio da GM na China, Shanghai Automotive Industries Corp., comprou 1% dos títulos a cerca de US$ 500 milhões.
Espera-se que a oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) alcance pelo menos US$ 20,1 bilhões, o que permitiria reduzir o pacote acionário do governo, que resgatou a empresa da ruína quase certa, com cerca de US$ 50 bilhões.
"Temos um pouco de vento a favor", disse o diretor-executivo da GM, Dan Akeson, à rede CNBC, que o entrevistou na bolsa de Nova York.
Akerson, que deu o sinal de abertura do mercado, mostrou-se otimista de que a IPO será um sucesso e estimou que as ações eram muito requeridas.
"Sinto que há uma enorme quantidade de pessoas que querem possuir ações. Veremos como o mercado se comporta hoje (quinta-feira)".
A empresa, outrora estrela do índice Dow Jones que precisou sair do mercado após a quebra em junho de 2009, voltou à bolsa reestruturada e reinstaurou o símbolo "GM" nas telas.
A GM, com sede em Detroit (Michigan, norte), tenta deixar para trás o controle governamental, que há um ano e meio ganhou o apelido de "Government Motors".
O presidente Barack Obama elogiou a IPO nessa quarta-feira, ao considerá-la "um importante marco na recuperação, não apenas de uma empresa ícone, mas também da totalidade da indústria automotora americana".
A venda desta quinta-feira reduziria o pacote acionário do governo de quase 50% para 37%, gerando ao contribuinte americano cerca de US$ 11,7 bilhões.
A porcentagem estatal pode cair ainda mais, se forem vendidas ações adicionais.
Obama, que acaba de receber um golpe considerável nas eleições legislativas de meio de mandato, disse que o ressurgimento da GM é sinal de que as políticas funcionam.
"Apoiar a indústria automobilística americana requeriu duras decisões e sacrifícios compartilhados, mas ajudou a salvar empregos, resgatar uma indústria no centro do setor manufatureiro dos Estados Unidos e torná-la mais competitiva para o futuro", afirmou.
Ainda que o valor final da IPO não seja conhecido por semanas, cláusulas que se ativam caso exista uma forte demanda podem fazer com que a GM supere o recorde do Banco de Agricultura da China (AgBank), que alcançou os US$ 22,1 bilhões na metade de 2010.
Espera-se que a venda da GM ultrapasse os US$ 19,7 bilhões que a Visa conquistou em 2008, atual recorde americano.
Robert Schultz, analista da Standard and Poor;s, afirmou em uma nota aos clientes que o objetivo da IPO "é a transferência da propriedade da GM ao público de seus três principais acionistas: o Tesouro dos Estados Unidos, o sindicato United Auto Workers e o governo do Canadá".
O Canadá tem 11,7% da empresa e os sindicatos, 19,93%.
O regresso à bolsa também pode facilitar a GM na captação de capitais para resolver os problemas com as aposentadorias e incentivar os novos veículos ecológicos.