postado em 19/11/2010 10:42
A fortuna dos milionários brasileiros cresceu 15,9% entre dezembro do ano passado e setembro de 2010. Segundo levantamento inédito da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), passou de R$ 291 bilhões para R$ 337 bilhões ; o equivalente a 10,7% do Produto Interno Bruto de 2009 (PIB, soma de todas as riquezas do país). A despeito desse montante, especialistas alertam que esse valor, mesmo quando somado às aplicações do restante dos brasileiros, não tem formado poupança suficiente para bancar o desenvolvimento do país.Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, explica que até o primeiro semestre do ano a poupança doméstica estava em cerca de 15% do PIB, sendo que quase a totalidade desse percentual é oriundo dos milionários que figuram na pesquisa da Anbima. ;Para que o Brasil possa crescer 5% ao ano, essa poupança deveria estar próxima de 22% do PIB;, calcula Velho. Neste ano, segundo analistas, em função dessa baixa poupança interna, o crescimento brasileiro vai ser, em grande parte, financiado por recursos externos ; o que vai levar o Brasil, segundo projeções do Banco Central, a um deficit nas transações correntes de US$ 49 bilhões neste ano e US$ 60 bilhões em 2011.
Centro-Oeste
A Região Centro-Oeste é o local onde a fortuna dos milionários mais cresceu. De dezembro de 2009 a setembro deste ano avançou 39%, alcançando R$ 6,4 bilhões. Ainda assim, em volume, é a penúltima colocada entre as regiões. O Sudeste, puxado pela capital Paulista, é o maior concentrador desses recursos. São Paulo detém mais da metade de todo o dinheiro dos clientes bancários mais ricos do país: são R$ 171,5 bilhões até setembro. ;Essa poupança poderia estar avançando a taxas mais elevadas, mas é preciso mais incentivos para que o brasileiro guarde dinheiro;, afirma o professor Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC)
De acordo com a pesquisa da Anbima, existem hoje quase 63 mil brasileiros com investimentos superiores a R$ 1 milhão. Chamados de clientes private banking, têm tratamento diferenciado por serem uma importante fonte de captação de recursos e de lucros do sistema financeiro.
As aplicações desse público são direcionadas principalmente para os fundos de investimento: 42% de todos os recursos dos milionários estão nessa opção. A renda fixa, em função dos altos juros pagos pelos títulos públicos, tem atraído muito dinheiro e acumula 34%. A renda variável ficou com 19% do montante e os 5% restantes são divididos entre poupança, previdência e outras modalidades.