Economia

Com medo da inadimplência, comércio começa a diminuir prazos para pagamento

postado em 24/11/2010 08:00
Temendo uma explosão da inadimplência, as lojas de varejo já começam a reduzir o prazo de financiamento no crediário. Na contramão da estratégia praticada pelo comércio que usa o crédito mais elástico como arma para atrair as classes de renda menor, as lojas físicas e virtuais do Extra e do Pontofrio.com.br, ambos do Grupo Pão de Açúcar, deverão diminuir o número de parcelas nas vendas para aumentar o capital de giro.

;O Grupo Pão de Açúcar mantém seu compromisso em oferecer os melhores preços e modalidades de crédito aos seus consumidores. A partir de um amplo estudo que envolve consumo consciente associado a hábitos e comportamentos de compra, a empresa vem adequando seus prazos de acordo com as necessidades de seus clientes;, justificou nota que o conglomerado divulgou no fim da tarde de ontem. Segundo analistas, a preocupação pode ser exagerada

As Casas Bahia, parte do complexo que o grupo está montando para dominar os segmentos de alimentos e eletrodomésticos, informaram que continuam dando preferência para vendas no cartão de crédito, com juros determinados pelas operadoras dos cartões. No caso de crediários abertos no sistema de carnê, os juros podem variar de 3,5 % a 6,9 % ao mês.

Na opinião do economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, o encolhimento dos prazos pode demonstrar uma preocupação excessiva das empresas, pois a elevação da massa real de salários e a fartura de crédito têm estimulado o movimento. ;A economia deve crescer bem em 2011 e o endividamento em queda contribui para boas vendas de fim de ano;, emendou. Ele reconhece, porém, que o mercado está apreensivo com as indefinições sobre os rumos da taxa de juros, pois uma possível elevação pode encarecer o crédito e frear os negócios.

Combinação
O aumento do consumo deve-se à combinação da elevação da renda dos brasileiros com o acesso ao crédito, sustentado pelos bancos oficiais. O presidente do Programa de Administração de Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração, Cláudio Felizone, lembrou que os prazos médios de pagamento vinham se alongando e alcançaram 540 dias, em lugar dos 506 dias verificados no ano passado, segundo
informações do Banco Central.

;Estranho esse anúncio (do Pão de Açúcar), porque o varejo como um todo faz movimento de alongamento dos prazos;, afirmou Felizone. O presidente do Provar disse que o aumento da taxa de juros não deverá provocar redução do consumo, porque em ocasiões recentes as vendas permaneceram elevadas mesmo com aumento dos juros.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, avaliou que a redução do número de parcelas poderá gerar um impacto negativo no volume de vendas das empresas. O bom momento econômico do país e a queda dos níveis de inadimplência para 6% até setembro alongaram os prazos médios de pagamento e proporcionaram aumento nos lucros do varejo. ;Isso pode ser uma estratégia das empresas para antecipar as vendas de fim de ano e chamar a atenção dos consumidores para melhores financiamentos;, completou.

Alerta contra excessos
; Gustavo Henrique Braga

Os consumidores querem ser avisados pelas operadoras de telefonia quando o limite de minutos do plano contratado estourar. A conclusão é de uma enquete promovida pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) no início do mês. Entre 400 respostas, 97,8% disseram que o alerta ajudaria a controlar as contas de telefone. Na interpretação dos advogados do instituto, o alto percentual evidencia a preocupação dos brasileiros com o valor das tarifas nacionais, uma das mais caras no mundo.

Uma pesquisa recente do Diálogo Regional sobre a Sociedade da Informação (Dirsi) aponta que o país tem o preço mais alto entre todos os latino-americanos no que se refere à telefonia móvel. O serviço pré-pago, por exemplo, custa em média 45 dólares, cerca de 77 reais, por mês. O advogado do Idec Guilherme Varella, explicou que, além dos altos preços, uma iniciativa da Federal Communications Commission (FCC), responsável pela regulamentação do setor de telefonia nos EUA inspirou o instituto a elaborar a enquete.

Limite
;A FCC divulgou uma diretriz que deverá obrigar as empresas a avisarem seus clientes que chegaram ao limite de seus planos, tanto em serviços de comunicação de voz, quanto na transmissão de dados e texto, o que inclui a internet móvel; afirmou Varella. O advogado defende que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) adote medidas similares.

Dados do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (Sindec) mostram que, dentre as mais de 1 milhão de reclamações registradas nos Procons este ano, a categoria que engloba telefonia, produção e distribuição de energia, abastecimento de água e tratamento de esgoto ficou na terceira posição, responsável por mais de 230 mil queixas. Dentro da telefonia, a principal causa para reclamações é exatamente a cobrança indevida por parte das operadoras.

No entendimento de Varella, os dados do Sindec reafirmam a conclusão do Idec, de que a falta de mecanismos para mensurar o uso desse tipo de serviço dificulta a relação entre consumidores e prestadoras. ;Se as empresas avisassem os consumidores próximos a estourar o limite de minutos, boa parte dessas reclamações por cobrança indevida diminuiriam. Ao mesmo tempo que o usuário deixaria de ter a expectativa de valor da conta frustrada, as empresas passariam a informar de maneira mais clara os valores cobrados;, ponderou.

Audiência na Anatel
; A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deliberará hoje, em audiência pública, sobre a revisão das concessões do sistema de telefonia fixa. Os contratos estabelecem os direitos e os deveres das prestadoras e concedem às empresas o direito de explorar vários serviços. A revisão quinquenal dos contratos abrange as ligações telefônicas locais, longa distância nacional (LDN) e longa distância internacional (LDI) entre 2011 e 2015. Há previsão também de que haja a terceira revisão do Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU III), que impõe mais obrigações às concessionárias a partir do ano que vem. O PGMU III é, atualmente, alvo de contestação judicial por parte do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil). A entidade questiona o prazo em que as propostas foram apresentadas e o custo de cumprimento das metas.

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