Economia

Argentina inicia negociações com o Clube de Paris em dezembro

Agência France-Presse
postado em 24/11/2010 17:02
Buenos Aires - A Argentina vai negociar a dívida não paga com o Clube de Paris a partir de 9 de dezembro na capital francesa, escrevendo o último capítulo de uma história de turbulência causada pela moratória declarada em 2001.

Segundo o ministro argentino da Economia, Amado Boudou, o pagamento não deverá ser feito numa só parcela.

"Nos dias 9 e 10 de dezembro estaremos realizando reuniões em Paris depois da carta que recebemos do presidente do Clube, Ramón Fernández", disse o ministro à rádio La Red de Buenos Aires.

O anúncio havia sido feito na noite de segunda-feira passada pela presidente argentina. Cristina Kirchner disse que seria aberta a discussão com o Clube de Paris sem a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Aldo Ferrer, economista do grupo heterodoxo e keynesiano ;Plan Fénix;, aliado do governo, disse à rádio Mitre que "este é um passo importante e que o feito de se negociar sem intermediários reflete a força adquirida pelo país".

Normalizado o pagamento de 93% da dívida privada que foi declarada em "default" por quase US$ 100 bilhões, falta quitar apenas US$ 7,5 bilhões com a entidade que reúne 19 potências prestamistas.

Fora do acordo estão 7% da dívida pendente com credores conhecidos como "abutres de fundos" e que seguem a premissa do "tudo ou nada" em processos em tribunais.

"A saída definitiva do ;default; sem dúvida é um importante passo para seguir avançando (...) em gerar uma corrente contínua de recursos, incrementar a produção e a produtividade", disse Agustín Crivelli, do Centro de Estudo e Monitoramento de Políticas Públicas.

Durante a presidência do falecido líder peronista Néstor Kirchner (2003-2007), marido da atual mandatária, o país reestruturou 76% da dívida em mora, declarada pelo efêmero governo de uma semana de outro peronista, Adolfo Rodríguez Saá, após o colapso econômico do país e da rebelião popular de 2001.

O restante acabou sendo refinanciado com uma troca de bônus durante o governo em exercício, o que significou para a Argentina pagar média de US$ 15 bilhões anualmente para quitar a dívida.

A Argentina tem agora uma dívida global de US$ 147 bilhões, que representa menos de 50% do Produto Interno Bruto (PIB), com uma taxa de crescimento econômico em 2010 perto de 8%, segundo entidades privadas.

O maior volume da dívida argentina com o Clube está em poder da Alemanha e do Japão que, juntos, reúnem 55% do total, segundo consultoras argentinas.

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