Economia

Preços altos na oferta de bois para abate castigam população até janeiro

postado em 25/11/2010 07:47
A estiagem prolongada até o fim de setembro ainda está afetando a recuperação das pastagens no Centro-Oeste e pode provocar atraso de mais de um mês na oferta de boi de pasto pronto para abate, o que deve contribuir para manter os preços em patamares elevados no mercado interno. Analistas do setor sustentam que a normalização só deve ocorrer a partir de janeiro, um cenário que contribui para manter os preços da arroba, que atingiram recordes neste ano, nas alturas.

Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados ontem mostram que o rebanho bovino brasileiro cresceu 1,5% em 2009 sobre 2008, atingindo 205,3 milhões de cabeças no ano passado, mas os abates caíram ; situação que reflete no preço da carne, já que o mercado está carente de animais prontos para o consumo. O abate de animais em 2009 totalizou 28,063 milhões de cabeças, contra 28,69 milhões de cabeças registradas em 2008. A cotação da arroba superou a marca de R$ 100 por arroba neste ano. O indicador Esalq/BMF chegou a bater R$ 117 por arroba na primeira quinzena de novembro, e a carne bovina passou a ser destaque das altas dos índices de inflação.

Além da seca, pastagens do Centro-Oeste sofreram com queimadas. Região concentra 60% do rebanho do país;Sempre temos as primeiras chuvas em setembro, mas este ano vieram somente no fim de outubro. Isso vai atrasar em uns 60 dias a oferta de gado terminado a pasto;, afirmou Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte. Pessimista, ele avalia que o pico da oferta de animais de pasto só deve ocorrer em março. O Centro-Oeste, que segundo Nogueira concentra aproximadamente 60% do rebanho do país, ainda teve o agravante das inúmeras queimadas nas áreas de cerrado. ;Quando o pasto é queimado, a rebrota demora mais;, afirmou.

Mato Grosso
O problema ocorre justamente no período em que a demanda por proteínas animais se fortalece com recursos do 13; salário e os preparativos para os feriados de fim de ano. Em algumas regiões de Mato Grosso, estado com maior rebanho no país, o atraso nas primeiras ofertas pode ser de um mês, segundo relato do diretor técnico da AgraFNP, José Vicente Ferraz, que esteve na região na semana passada. ;As chuvas começam a se normalizar. Os pastos em Rondonópolis (sul do Estado) estão verdes e rebrotando, mas a oferta de boi gordo só deve começar na segunda quinzena de janeiro;, afirmou.

Se o ritmo do setor fosse mantido, os animais para abate da região Centro-Oeste começariam a chegar ao mercado em meados de dezembro, contribuindo para esfriar o movimento de alta registrado desde agosto nos preços. ;O normal seria que já saísse um volume melhor de gado em dezembro, mas agora isso só deve ocorrer em janeiro;, observou Ferraz. ;É preciso considerar que não é só o clima. Este é mais um fator, que se soma ao problema de escassez de oferta.;


Otimismo dispara

Impulsionada pelas classes de menor rendimento, a confiança do consumidor brasileiro atingiu recorde de alta em novembro, mostrou pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV). O índice subiu 2,7% em relação a outubro, para 125,4 pontos, alcançando novo recorde da série iniciada em 2005. ;Em novembro de 2010, os consumidores brasileiros estão mais satisfeitos com a situação atual e otimistas em relação aos seis meses seguintes;, afirmou a entidade.

O componente de situação atual avançou 4,5% em novembro, para 147,5 pontos, também maior nível histórico. O de expectativas subiu 1,5%, para 113,6 pontos. ;O indicador que mede o grau de satisfação dos consumidores com a situação econômica atual foi o que mais influenciou na evolução favorável do índice de confiança em novembro;, disse a FGV. O número de consumidores que avaliam a situação como boa aumentou de 31,7% em outubro para 34,6% em novembro.

A confiança da população com renda familiar mensal de até R$ 2.100 e até R$ 4.800 cresceu 5,2% e 3% respectivamente, acima dor percentuais de 0,8% e 1,2% das pessoas com renda de R$ 4.880 a R$ 9.600 e acima de R$ 9.600.


PEQUENA INDÚSTRIA ESTÁ SEM FÔLEGO
O crescimento da produção industrial não atingiu as pequenas empresas em outubro, revelou o levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Enquanto o índice da produção das grandes empresas subiu de 53,6 pontos em setembro para 56,1 pontos, o das pequenas recuou de 52,5 em setembro para 51,2 pontos. A utilização da capacidade instalada (UCI) das pequenas indústrias também ficou abaixo do usual para os meses de outubro, com 47,9 pontos, enquanto a utilização da capacidade instalada das grandes foi de 50,2 pontos, patamar habitual no período. No geral, as expectativas de demanda e de compra de matérias-primas em novembro para os próximos seis meses continuaram positivas, mas foram as mais pessimistas desde julho de 2009. Os empresários também estão menos otimistas (57 pontos) sobre a demanda, item que marcava 59,8 pontos em abril de 2007.

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