Economia

Comissão Europeia: Espanha e Portugal vão descumprir metas de corte

Agência France-Presse
postado em 29/11/2010 14:19
Bruxelas - A Comissão Europeia afirmou nesta segunda-feira que Espanha e Portugal - para onde os olhares dos mercados estão voltados por seus problemas financeiros - descumprirão seus objetivos de redução do déficit, ao publicar suas previsões para a Eurozona. O PIB vai desacelerar em 2011, antes de voltar a crescer em 2012.

Bruxelas estima que a economia espanhola crescerá apenas 0,7% do PIB em 2011, quase a metade do que prevê o governo (1,3%). Isso fará com que a Espanha deixe de cumprir seu objetivo de reduzir o déficit público para até 6%. O déficit ficará em 6,4%, segundo as projeções da UE.

Madri se comprometeu a diminuir o déficit de 11,1% em 2009 para os 3% autorizados pela Comissão Europeia em 2013, com uma redução gradual de 9,3% em 2010, 6% em 2011 e 4,4% em 2012. A Comissão Europeia também não concorda com este último dado, ao prever um déficit de 5,5% dentro de dois anos.

A Comissão estima também que Portugal, que na semana passada aprovou orçamentos para 2011 marcados pela austeridade, se equivoca. Seu déficit cairá de 9,3% em 2009 para 4,9% em 2011, contra os 4,6% fixados por Lisboa.

Portugal e Espanha são os países da zona do euro cuja capacidade para lidar com suas finanças públicas suscita maior desconfiança nos mercados, agora que a Irlanda já foi resgatada.

Dublin obteve no domingo de seus sócios europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI) uma ajuda financeira similar à aprovada em maio para a Grécia, primeiro país afetado pela crise de dívida soberana.

Sintoma do ceticismo atual na península ibérica, as taxas de juros das emissões do Estado espanhol a dez anos registraram nesta segunda-feira um novo recorde desde 2002, a 5,330%, o que mostra uma diferença de 258 pontos de base em relação às emissões alemãs, que servem de referência.

O comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, apoiou as medidas de rigor adotadas pelo governo espanhol e seu compromisso de acelerar as reformas estruturais e as fusões dos bancos de poupanças.

Por enquanto, Bruxelas descarta exigir de Madri que aperte um pouco mais o cinto, mas Rehn admitiu que existe um "risco de que, se o crescimento do próximo ano for mais fraco que o previsto, sejam necessárias medidas adicionais".

"As turbulências nos mercados financeiros ressaltam a necessidade de ações políticas fortes" para reduzir os déficits, defendeu Rehn.

Bruxelas admitiu que, apesar do resgate da Irlanda, o comportamento dos mercados, especialmente de dívida soberana, podem continuar sacudindo a zona do euro.

"A situação nos mercados financeiros segue inquietante, com novas tensões possíveis", informou a Comissão ao apresentar suas previsões econômicas de outono (boreal) para o período 2010-2012.

Bruxelas manteve nesta segunda-feira sua previsão de crescimento em 2010 e 2011 para os 16 países que compartilham a moeda única, ao prever um avanço do PIB de 1,7% e 1,5%, respectivamente.

Para 2012, previu uma aceleração da atividade de 1,8%.

Apesar dos problemas de endividamento de vários países membros da zona do euro, seu déficit público se reduzirá mais que o previsto em 2010 e 2011, até 6,3% e 4,6% do PIB, respectivamente - sinal de que as políticas de austeridade começam a surtir efeito de forma geral.

Em suas projeções anteriores de primavera, Bruxelas havia fixado o déficit em 6,6% em 2010 e 6,1% em 2011 para a zona do euro.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação