postado em 03/12/2010 08:30
Nova Délhi (Índia) ; O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, emitiu ontem um sinal de alerta importante para o mundo. Segundo ele, a crise que afeta vários países europeus, atolados em dívidas elevadíssimas, não deve ser subestimada e todos devem ficar em alerta para enfrentar as possíveis consequências. ;Não devemos subestimar a importância desta crise, que, na Irlanda, tem sua origem principalmente no setor bancário;, disse Strauss-Kahn, depois de um encontro com o ministro das Finanças indiano, Pranab Mukherjee.Strauss-Kahn ressaltou, porém, estar confiante em uma solução para os graves problemas europeus. ;Acho que a decisão que foi tomada na Irlanda; que recebeu um socorro de 85 bilhões de euros do FMI e da União Europeia ; resolverá os problemas do setor bancário. A economia irlandesa se recuperará rapidamente;, afirmou. Na avaliação do executivo, apesar de toda a turbulência que sacode a Zona do Euro, não se pode relevar o potencial econômico da região. ;A crise na Europa continua muito forte;, destacou Strauss-Kahn. ;Mas a recuperação mundial avança, ainda que esteja em fase de emergência e frágil;, frisou.
Segundo o diretor-gerente do FMI, em algumas partes do mundo, na Ásia, na América do Sul e em algumas regiões da África, o ritmo de crescimento tem sido bom. Estima-se que, neste ano, as economias emergentes avançarão pelo menos o dobro da taxa prevista para o mundo e da que se verificará nos países meses ricos do planeta. Não à toa, China, Índia e Brasil vêm atraindo um fluxo fortíssimo de capital estrangeiro, um problemão para as suas moedas.
Mudança no poder
Ao mesmo tempo em que chamou a atenção para a crise europeia, o chefe do FMI defendeu uma reforma radical das grandes instituições financeiras mundiais, indicando que o seu sucessor e o novo comandante do Banco Mundial (Bird) não deveriam ser europeu ou norte-americano. Um acordo tácito, que data da época da criação dos dois organismos multilaterais, estabelece que Europa e Estados Unidos se revezem na liderança dos dois órgãos. Strauss-Kahn é francês, e Robert Zoellick, atual presidente do Bird, é norte-americano.
;O chamado acordo entre os Estados Unidos e a Europa, segundo o qual o chefe do FMI é europeu e o presidente do Banco Mundial, norte-americano, acabou;, declarou Strauss-Khan, ex-ministro das Finanças da França, que assumiu o cargo no FMI em 2007. Para ele, é justo que os próximos líderes das duas instituições venham de outra parte do mundo.
Desde a sua fundação, em 1946, os 12 presidentes do Bird foram cidadãos norte-americanos, e os 10 diretores do FMI, europeus. Mas o deslocamento do poder econômico para a Ásia, graças a China, Japão e Índia, reforçou as pressões pelo fim desse acordo informal. No começo de novembro, o conselho administrativo do FMI adotou uma reforma proposta pelo G-20, o grupo das 20 nações mais ricas do mundo, que duplicou seu capital e modificou a divisão de poderes, dando mais peso às economias emergentes e à China.