postado em 04/12/2010 10:20
O arrocho promovido pelo Banco Central para conter o aumento do crédito e evitar uma explosão da inadimplência foi previamente acertado com a presidente eleita, Dilma Rousseff. As medidas foram apresentadas a ela pessoalmente pelo futuro comandante do BC, Alexandre Tombini, na quinta-feira. O argumento usado para convencer Dilma a sancionar medidas impopulares às vésperas do Natal foi o de que a inflação está saindo do controle e um freio nos empréstimos e nos financiamentos pode ajudar a conter o consumo e os reajustes de preços, fazendo com que o Comitê de Política Monetária (Copom), que se reunirá na próxima semana, seja mais comedido na hora de definir a taxa básica de juros (Selic).Dilma também avalizou as medidas de caráter prudencial. Por mais que o atual presidente do BC, Henrique Meirelles, diga que a quase quebra do Banco PanAmericano, no qual se descobriu um rombo de R$ 2,5 bilhões, foi um fato isolado, há o temor de que outras instituições de menor porte acabem apresentando problemas semelhantes, criando uma onda de desconfiança que pode causar estragos para todo o sistema financeiro ; uma ameaça à estabilidade da economia. Não à toa, o BC passou a exigir mais capital dos bancos para operações de crédito mais arriscadas.
De posse do aval da presidente eleita, Tombini submeteu o pacote de arrocho à diretoria do Banco Central, que o aprovou na noite de anteontem. ;Está claro que o BC precisava agir. A demanda por crédito está crescendo além do desejável, indicando no horizonte o risco de uma bolha. Ficar assistindo ao quadro atual impassível seria um erro muito grande, incompatível com um Banco Central que construiu uma credibilidade inquestionável;, disse um técnico da instituição.
Também pesou no aval de Dilma o temor de que a inflação corroa demais o poder de compra dos mais pobres, justamente os que lhe garantiram a vitória nas urnas. ;Com a inflação não se brinca. A presidente eleita sabe que o pior que pode lhe acontecer é assumir o governo com os preços em disparada e o descontentamento da população, que já se queixa do recente encarecimento dos alimentos;, afirmou um integrante da equipe de transição de governo.