Economia

Primeira alta após quatro meses em baixa, juros do crédito sobem 0,75%

Rosana Hessel
postado em 10/12/2010 08:00
Financiamentos dos presentes de Natal já estão mais caros por causa do impacto das medidas do Banco Central
As taxas de juros das operações de crédito voltaram a subir, em novembro, depois de quatro meses de queda. E quem pretende financiar a compra dos presentes de Natal deve preparar o bolso para pagar ainda mais juros, pois os bancos começam a repassar aos clientes a partir deste mês o impacto das medidas para restringir o crédito anunciadas pelo Banco Central (BC) em 3 dezembro.

A Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) divulgou ontem levantamento no qual informou elevação de 0,75% na taxa média de juros de novembro em relação a outubro. Isso significa que o consumidor brasileiro pagou uma média mensal de 6,74% em juros, e, no ano, de 118,74%. A entidade atribui esse aumento à onda de incertezas no mercado financeiro desencadeada pela quebra do Banco PanAmericano.

A maior variação ficou por conta da taxa de juros do cheque especial, que saltou de 7,55% para 7,59%, ao mês, e de 117,51% para 140,58% ao ano. Os juros dos financiamentos para automóveis tiveram uma alta de 0,87%, atingindo uma taxa mensal de 2,29% ao mês e de 31,53% ao ano. Já os juros cobrados pelo cartão de crédito foram os únicos que não registraram alteração em novembro, permanecendo no mesmo patamar de outubro, de 10,69%, ao mês, e de 238,30% ao ano. Essa taxa é a maior desde junho de 2000, quando chegou a 10,70% ao mês e a 238,67% ao ano.

As três linhas de crédito à pessoa jurídica pesquisadas pela Anefac registraram alta. A taxa média geral subiu 0,80% em novembro, para 3,79% ao mês e para 56,27% ao ano, atingindo o maior patamar desde agosto de 2010.

Restrições
Com o aquecimento da economia e o aumento dos gastos do consumidor devido ao ganho de massa salarial do brasileiro, o BC optou por adotar medidas para restringir o crédito a fim de evitar uma bolha de consumo sem elevar novamente a taxa básica de juros. ;O custo financeiro dos bancos aumentou com as novas medidas do BC e, portanto, eles irão repassar isso para a taxa de juros inevitavelmente. A medida do BC é uma forma de conter o aumento do crédito, que está impulsionando o consumo, e, consequentemente, pressionando os preços;, explicou o vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira.

O professor de economia do Ibmec-DF Aquiles Rocha de Farias alerta para uma nova alta nos juros neste mês além de que, no próximo ano, o custo do crédito será ainda bem maior. Isso porque o Comitê de Política Econômica (Copom) do BC não elevou ontem a taxa básica de juros (Selic) na última reunião do ano e também a última comandada por Henrique Meirelles. ;Um aumento na Selic será inevitável logo na primeira reunião de 2011;, alertou.

Na opinião de Farias, a paulada nos juros será bem alta logo em janeiro, o primeiro mês do governo Dilma. ;Como não houve aumento da Selic agora, com certeza ele será bem maior logo no início do ano. Pois essa será a forma de conter a bolha consumista. A economia pode desacelerar um pouco e crescer num ritmo de 4% a 4,5%, até bastante aceitável. É o preço que se tem que pagar para não ver a volta da inflação;, afirmou.

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