postado em 11/12/2010 08:30
A farra do dinheiro fácil acabou. Depois que o Banco Central (BC) apertou a política monetária para evitar bolhas de crédito e desequilíbrios, como os que geraram a crise de 2008 nos Estados Unidos, as primeiras linhas de financiamento a secar foram as pré-aprovadas. Clientes classificados como bons pagadores, que antes tinham uma infinidade de opções para parcelar suas compras, levaram um susto ao pegar os extratos bancários na última semana. O empréstimo, anteriormente disponível mesmo sem ser solicitado, não estava mais à mão. O objetivo das instituições é evitar riscos.A opção dos bancos de diminuir a oferta excessiva de crédito está de acordo com o planejado pela autoridade monetária quando decidiu retirar R$ 61 bilhões da economia e ;cobrar um prêmio; maior pelos financiamentos de risco. ;É natural uma retração nessas linhas de crédito pré-aprovadas. Estávamos em um processo de tomada de recursos muito fácil e que oferecia grande risco. Poderia nascer dali o subprime brasileiro;, argumentou Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do BC. A referência é aos empréstimos imobiliários com baixas garantias nos Estados Unidos, que detonaram a crise global.
Saldo médio
O Correio conversou com clientes de quatro grandes instituições: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Santander e Bradesco. Todos observaram encolhimento nas linhas de financiamento disponíveis e, em alguns casos, extinção da modalidade pré-aprovada. ;Esse tipo de crédito é o que a instituição dá para clientes regulares. Se você tem um saldo médio, fez empréstimos, pagou certinho e tem um bom score (classificação dentro do banco), a instituição ; que quer ganhar dinheiro com o empréstimo ; já o deixa aprovado;, explicou Carlos Coradi, presidente da EFC Consultores. ;Mas provavelmente pelo aumento do compulsório, os bancos vão retrair essa opção.;
O consumidor que espera um ano novo mais ameno para o bolso, com uma volta do crédito barato, pode se preparar. A expectativa do mercado é que o BC inicie um novo ciclo de aperto já na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do governo Dilma Rousseff, em 18 e 19 de janeiro. O reflexo direto de uma elevação da taxa básica de juros (Selic) são empréstimos mais caros. Na sabatina no Senado, o futuro presidente do BC, Alexandre Tombini, explicou o motivo: metade da economia é financiada, o que dá mais potência para a Selic na missão de conter o consumo e domar a inflação.
O Correio entrou em contato com os bancos para avaliar o impacto das resoluções do BC nas carteiras de crédito, mas apenas dois responderam. O BB disse que tem adequado ;suas linhas de crédito para pessoa física ao novo cenário concorrencial; trazido pelas medidas do BC. A Caixa negou qualquer alteração nas tabelas. ;A Caixa Econômica Federal informa que está avaliando os impactos das medidas anunciadas pelo governo. Dessa forma, ainda não alterou nenhuma de suas linhas de crédito para pessoa física;, informou em nota. ;Não houve, portanto, nenhuma mudança nas tabelas de valores, taxas ou prazos dos empréstimos oferecidos pela Caixa.;
Carlos Coradi, presidente da EFC Consultores, comenta o corte feito pelos bancos no crédito pré-aprovado de seus clientes
Manutenção mais cara
Gustavo Henrique Braga
A escalada de preços no setor automotivo torna cada vez mais difícil para o brasileiro manter um veículo particular. A inflação do carro, medida pela Agência AutoInforme, registrou alta de 1,83% em novembro, o que levou o acumulado no ano a 7,1%. O etanol foi o produto com maior elevação no mês, obrigando os motoristas a gastar 6,95% a mais para abastecer os veículos. No ano, o álcool subiu 5,66%.
Para se ter uma ideia do impacto no bolso, o combustível representa mais de 30% do custo de um motorista e é o item de maior peso na composição do índice. Por isso, qualquer alteração dos preços tem grande influência.
A composição da inflação do carro é feita com base na evolução dos valores de todos os produtos e serviços que o motorista compra e usa para andar e fazer a manutenção do veículo: peças, combustíveis, impostos e seguros, por exemplo. Itens como bateria (5,6%) e cambagem ( 4,7%) também tiveram aumentos expressivos no mês. No ano, as peças estão, respectivamente, 11,69% e 11,58% mais caras.
A mão de obra de oficina teve uma alta de 2,66% no mês e 5,83% no ano, já o preço da lavagem simples subiu 2,56% e 7,14%, respectivamente. Ficaram mais baratos, no mês passado, as pastilhas de freio (-1,89%), o filtro de combustível (-1,02%) e o filtro de óleo (-0,61%).