Agência France-Presse
postado em 11/12/2010 17:47
Quito - A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) decidiu neste sábado (11/12) manter as atuais cotas de produção do cartel, inalteradas desde 2008, apesar das incertezas econômicas previstas para 2011, ao final da reunião ministerial realizada em Quito.Em um momento no qual os países desenvolvidos "ainda enfrentam uma produção industrial em retrocesso, uma queda no consumo e uma persistente alta no desemprego, aliado ao amplo excedente da produção, a conferência decidiu manter os atuais níveis de produção", destaca a declaração final do encontro, firmada pelos representantes dos 12 países membros da organização.
A decisão mantém a produção da Opep em 24,84 milhões de barris dia.
"Não estamos fixando um preço ao mercado, queremos que a oferta atenda a demanda e, neste momento, o mercado está bem abastecido. Há, inclusive, sete dias de folga", destacou o ministro equatoriano de Recursos Não Renováveis, Wilson Pástor, que entregou hoje a presidência rotativa da Opep.
Segundo a ata final do encontro em Quito, os países membros da Opep analisaram o mercado e as projeções de oferta e demanda para 2011, concluindo que a demanda crescerá menos que em 2010.
A este fato se somam "os riscos previstos com a frágil recuperação econômica, incluindo o efeito negativo da possível guerra cambial e os temores com uma segunda crise financeira na Europa, circunstâncias que atingiriam negativamente a demanda do petróleo".
A Opep confia que ao tomar a decisão de manter sua atual oferta, os países membros observarão suas respectivas cotas, acertadas em 2008, algo que hoje só ocorre em 50%.
O encontro acontece após o barril de petróleo ultrapassar levemente os 90 dólares esta semana, preço que não registrava desde 2008, mas a notícia não parece ter alterado o ânimo dos ministros reunidos em Quito.
"Há um sentimento geral de que hoje o nível dos preços é cômodo tanto para produtores como para consumidores", destacou Pástor.
A próxima reunião da Opep está prevista para Viena, no dia 2 de junho de 2011.
O encontro em Quito foi marcado pela proposta do presidente equatoriano, Rafael Correa, para a criação de um imposto sobre as exportações de petróleo visando os responsáveis pelo aquecimento global.
"Aplicando o imposto contra os responsáveis pelas emissões (de gases do efeito estufa) teremos justiça econômica e justiça climática, porque os maiores consumidores de petróleo pagarão mais pelas emissões que vão produzir", disse Correa.
Segundo Correa, com uma taxa de 5% sobre as exportações de petróleo seria possível gerar anualmente uma verba de 40 bilhões de dólares para se enfrentar o aquecimento global.
"A Opep pode conseguir o que o Protocolo de Kyoto não atingiu: que os emissores de CO2 paguem por suas ações, paguem pela poluição e pelos problemas que provocam".
Segundo Correa, o dinheiro obtido com o imposto seria revertido para se enfrentar os efeitos do aquecimento global e financiar projetos de redução das emissões de CO2.