postado em 16/12/2010 07:38
A criação recorde de empregos e o crescimento econômico a taxas perto de 7% animaram os brasileiros. Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o consumidor nacional nunca esteve tão confiante na manutenção do seu emprego quanto agora. O Índice de Medo do Desemprego de dezembro de 2010 ficou em 79,3 pontos (numa escala que vai até 100), recuo de 2,2% em comparação com a pesquisa anterior, realizada em setembro, e de 7,3% em relação a dezembro do ano passado. É a primeira vez que o resultado fica abaixo dos 80 pontos. Quanto menor a pontuação, maior a confiança na preservação do posto de trabalho.Próximo ano
Para o economista da CNI Marcelo de Azevedo, a queda no índice está diretamente ligada à oferta de empregos no Brasil. ;Com indicadores tão positivos, o brasileiro percebe, no dia a dia, que há vagas e se sente seguro. Para o próximo ano, apostamos que o medo do desemprego pode continuar a cair, pois não há projeções de retração no mercado de trabalho;, afirmou.
Segundo dados do Ministério do Trabalho, de janeiro a outubro de 2010, foram criados 2,4 milhões de postos de trabalho, novo recorde para o período. O resultado foi 12% maior que o recorde anterior, verificado nos 10 primeiros meses de 2008, quando foram abertas 2,1 milhões de vagas. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os empregos formais foram responsáveis por 96% dos postos abertos até outubro no acumulado de 12 meses.
Na pesquisa da CNI, o índice de pessoas que afirmou não estar com medo do desemprego alcançou 56,7% das respostas válidas. A proporção das que afirmaram estar com muito medo de perder o posto, por sua vez, recuou de 15,3% em setembro para 13,6% em dezembro e atingiu o menor percentual da série. Já a quantidade de entrevistados que disse temer a desocupação manteve-se estável, em 29,7%. O levantamento foi realizado pelo Ibope com 2002 pessoas entre os dias 4 e 7 de dezembro.
CONFLITOS PREOCUPAM
Cristiano Zaia
Do Correioweb
Apesar da confiança na manutenção do emprego, em razão do bom momento vivido pela economia, as questões trabalhistas foram eleitas como o conflito mais grave para 23,3% dos brasileiros entrevistados nas cinco regiões brasileiras, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em seguida, aparecem os problemas domésticos, que afligem 22% da população, e os criminais, com 12,6%.
Entre as pessoas para quem o trabalho é a principal causa de conflito, a maior parcela (21,2%) tem 50 anos ou mais de idade. O segundo problema que mais incomoda essa faixa etária são os benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social ou previdenciários em geral (19%).
Para uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, Adriana Beringuy, os processos trabalhistas relacionados à rescisão contratual, contagem de cálculo de tempo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ou do seguro desemprego referem-se cada vez mais a pessoas mais velhas. Ela também lembra que a maior número de pessoas com conflitos trabalhistas concentra-se na região Sudeste (24,8%), onde se concentra p grosso da população ocupada (com empregos formais ou informais). ;Os conflitos de trabalho estão associados ao aumento da formalização. Os trabalhadores formais têm salvaguarda garantida pela carteira assinada. Logo, têm muito mais incentivos para recorrer à Justiça;, disse.
Segundo o advogado Gustavo Ramos, coordenador de Direito Trabalhista do escritório Aline Advogados, o maior número de pessoas na iniciativa privada que recorre à Justiça do Trabalho o faz depois de perder o emprego por medo de rixas diretas com os patrões. Contudo, os que mais originam processos trabalhistas são os servidores públicos, por serem mais sindicalizados.
;Ainda não há uma cultura forte de cumprimento integral da legislação trabalhista no Brasil. E um dado que exemplifica muito bem isso é o alto número de informalidade. Certamente essa questão judicial faz com que as pessoas elejam os problemas trabalhistas como o número um;, afirmou Ramos, que administra um volume atual de 20 mil processos vinculados ao trabalho.
Impasse dura um ano
Na pesquisa do IBGE, o Instituto de Defesa do Consumidor (Procon) apareceu como o órgão responsável pela maior participação na solução dos conflitos (69,4%), tanto de trabalho, familiares ou criminais. Já a ação judicial normal teve o maior índice de casos não solucionados (56,5%). O tempo de solução de conflitos foi de cerca de um ano em todas as situações, sendo que 90% dos casos foram resolvidos no Procon e 60%, no Judiciário.