Economia

Anúncio de possível rebaixamento das notas da Espanha derruba bolsas

postado em 16/12/2010 07:53
Angela Merkel, primeira-ministra alemã, garante que nenhum membro da Zona do Euro será abandonadoO anúncio da agência de classificação de risco Moody;s de que pôs a nota da Espanha em revisão para possível rebaixamento reacendeu o temor no mercado sobre a capacidade de os países europeus pagarem suas dívidas. Em consequência direta, as principais bolsas de valores fecharam em queda. Autoridades saíram a campo para tranquilizar os investidores. O governo português adotou medidas para contornar a necessidade de recorrer a um pacote de socorro externo e a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, assegurou que nenhuma nação do continente será deixada à própria sorte.

As bolsas europeias interromperam a mais longa série de altas em seis meses e fecharam em baixa, com as ações de bancos tendo o pior desempenho. Gradualmente, o mercado recuperou parte das perdas ao longo do dia após os Estados Unidos divulgarem dados econômicos melhores que o esperado, o que evitou um baque maior em Wall Street. No fim da sessão de negócios, o índice FTSEurofirst 300, que acompanha as maiores empresas europeias, fechou com queda de 0,35%.

;O fato de a Moody;s ter colocado o rating da Espanha em revisão trouxe à tona todos os problemas enfrentados pela Zona do Euro (grupo de 16 países que adotam a moeda comum);, disse o chefe de Pesquisas do BNP Paribas Fortis Global Markets, Philippe Gijsels. O setor bancário, sensível a mudanças no ambiente econômico, esteve entre as ações com pior desempenho: Santander, Barclays e Bank of Ireland registraram quedas entre 2,6% e 3,7%. Os recuos nos mercados mais relevantes foram: Londres (-0,15%), Frankfurt (-0,16%), Paris (-0,58%), Milão (-1,44%), Madri (-1,5%) e Lisboa (1,01%).

Em Nova York, o índice Dow Jones recuou 0,17%. Além da maior aversão a risco no exterior, o ânimo na Bolsa de Valores de São Paulo também foi afetado pela saída de investidores estrangeiros. O Ibovespa, índice mais negociado, caiu 1,27%, mais fortemente que os mercados europeus e norte-americano, encerrando aos 67.870 pontos. No segmento cambial, o dólar subiu 0,35%, sendo cotado em R$ 1,701 no fim do dia. A moeda emitida pelos Estados Unidos se recuperou ontem em todo o mundo, na esteira dos problemas com o euro ; em relação a uma cesta de divisas, o dólar subiu 0,9%.

Reação
Os líderes europeus devem aprovar o plano para criar um mecanismo permanente anticrise para a Zona do Euro ainda nesta semana, assegurou Angela Merkel. Segundo ela, o novo instrumento deve substituir o atual, que é temporário e conta com 750 bilhões de euros, a partir de 2013. ;Nós sabemos que o euro é nosso destino coletivo, e a Europa é nosso futuro coletivo. Ninguém na Europa será abandonado;, disse a primeira-ministra alemã.

O ministro de Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, anunciou medidas para estimular a recuperação econômica, como a flexibilização das regras trabalhistas, além de fixar metas de redução do deficit fiscal. ;Estamos tomando iniciativas que são cruciais para evitar recorrer a mecanismos externos (de ajuda);, disse ele após uma reunião de gabinete. O parlamento irlandês aprovou o pacote de auxílio de 85 bilhões de euros da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).


EUA à frente da retomada

Os Estados Unidos vão liderar a recuperação econômica dos países ricos nos próximos dois anos, enquanto o Japão e as principais economias da Europa caminharão com dificuldade, de acordo com uma pesquisa da agência Reuters com cerca de 200 economistas. Ajudada por fortes vendas no varejo, que cresceram pelo quinto mês consecutivo em novembro, a economia norte-americana se beneficia do aumento do consumo, que provoca uma onda de elevação nas projeções para o crescimento econômico no país. As estimativas dos especialistas ouvidos é de 2,7% no ano que vem, em média, numa alta em relação aos 2,3% previstos anteriormente.

Em contraste, a perspectiva de crescimento da Zona do Euro e do Reino Unido continua sombria. Para o Japão, a expectativa é de contração no trimestre, seguido de modestas expansões. O Senado norte-americano aprovou ontem, por 81 votos a 19, o projeto que prorroga por dois anos os cortes de impostos adotados no governo Bush, num valor de US$ 858 bilhões. O pacote estende o seguro-desemprego por 13 meses. ;A nova lei não é perfeita, mas vai ajudar nossa economia a crescer e a criar empregos;, disse o presidente Barack Obama.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação