Agência France-Presse
postado em 16/12/2010 14:53
Índia e China anunciaram esta quinta-feira (16/12) a intenção de duplicar suas trocas comerciais até 2015, elevando-as a 100 bilhões de dólares, em uma cúpula em Nova Délhi, na qual houve avanços notáveis nas diferenças históricas entre os dois países, em particular as fronteiriças.O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, e seu colega indiano, Manmohan Singh, concordaram ainda em desenvolver as exportações da Índia para a China para equilibrar o comércio bilateral, que tem um saldo favorável para Pequim de 20 bilhões de dólares.
Os intercâmbios entre as duas grandes economias dotadas da maior taxa de crescimento do mundo totalizaram 42 bilhões de dólares em 2009 e deveriam situar-se em 60 bilhões para o ano fiscal atual, que termina no março de 2011. "Há suficiente espaço no mundo para o desenvolvimento de China e Índia e bastantes setores nos quais China e Índia podem cooperar", declararam os primeiros-ministros em um comunicado conjunto difundido após sua reunião.
Desde a chegada de Wen Jiabao, na quarta-feira, à capital federal indiana, sua delegação, integrada por 400 empresários, selou acordos de 16 bilhões de dólares em vários setores que vão das finanças à energia.
As trocas econômicas e comerciais estão em pleno desenvolvimento, mas as relações diplomáticas ainda são afetadas por uma desconfiança recíproca e o comunicado se abstêm de mencionar avanços sobre uma série de temas sensíveis.
Os dois países enfrentam questões territoriais na cordilheira do Himalaia, que deram lugar a uma breve, mas sangrenta guerra em 1962.
As discussões de quinta-feira só conseguiram reafirmar o compromisso de resolver "em uma data rápida" o conflito, que já foi objeto de 14 rodadas de negociações. "Os dois países trabalharão juntos para manter a paz e a tranquilidade nas zonas fronteiriças, conforme os acordos procedentes", acrescentou o comunicado.
A Índia teme que a China se coloque cada vez maior firmeza nas posições relativas às suas reivindicações territoriais.
Pequim havia condenado duramente no ano passado a visita de Singh e do Dalai Lama ao Estado de Arunachal Pradesh (nordeste), que a China reivindica integralmente.
Há outros temas que também irritam Pequim, como a presença do Dalai Lama na Índia. O chefe espiritual dos tibetanos, que vive exilado em Dharamsala (norte da Índia) desde 1959, quando fugiu da repressão de um levante na China.