postado em 17/12/2010 08:32
No que depender dos trabalhadores do setor aéreo, o caos neste fim de ano tem dia para começar: 23 de dezembro, antevéspera do Natal. Os sindicatos dos aeronautas e dos aeroviários confirmaram ontem, em assembleia, uma paralisação generalizada e por tempo indeterminado da categoria a partir da próxima quinta-feira. Os cerca de 84 mil trabalhadores reivindicam reajuste salarial de 30% para os que ganham o piso, hoje na faixa de R$ 700. Já os que ganham mais querem aumento de 15% (aeronautas) e de 13% (aeroviários). Mas o sindicato patronal está disposto a oferecer apenas 6,08% de correção, o equivalente à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).A falta de bom senso entre companhias aéreas e sindicalistas era o que faltava para agravar os transtornos nos aeroportos do país. Mesmo sem greve, ontem foi o segundo dia seguido em que quase um quarto dos voos programados no país para até as 18h registraram atrasos superiores a 30 minutos, conforme dados da Infraero. Dessa vez, o Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, foi o que mais testou a paciência dos passageiros, contabilizando 44,5% de partidas acima do limite de tolerância. No Aeroporto de Brasília, o índice também ficou acima da média: 33,6%. Já no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, os atrasos afetaram 26,7% das decolagens. A Gol liderou em atrasos, com 34%.
Prejuízo
Apesar de os trabalhadores do setor terem garantido que vão cruzar os braços, o Sindicado Nacional das Empresas Aéreas (Snea) disse que não trabalha com a possibilidade da paralisação. ;Uma greve não levará a nada, além de prejudicar os consumidores, que nada têm a ver com a briga;, avaliou. A entidade informou também que o 13; e o salário deste mês já foram pagos com o reajuste de 6,08%.
Questionada pela reportagem sobre os procedimentos que serão adotados na paralisação, a presidente do Sindicato dos Aeroviários, Selma Balbuíno, diz que o comando de greve não informará detalhes do movimento por temer repressões. A sindicalista acusou as companhias aéreas de fazerem pressão sobre os trabalhadores, com ameaça de acionamento da Polícia Militar para reprimir a ação sindical, a exemplo do que teria ocorrido na semana passada, no Aeroporto do Galeão. ;Eles (a PM do Rio de Janeiro) desceram a porrada na gente;, relembrou.
No conflito, os sindicalistas fecharam uma das vias de acesso ao Galeão, obrigando passageiros a andar quase dois quilômetros carregando as malas para não perderem os voos. Graziela Baggio, diretora do Sindicado Nacional dos Aeronautas, afirma que a única forma de impedir a greve é as companhias enviarem ;uma proposta razoável; antes da próxima quinta-feira. O problema é que não há mais nenhuma rodada de negociações até lá. ;Eles não nos procuraram. Mas, se o fizerem, o diálogo está aberto;, informou o Snea.