Economia

Com o aquecimento econômico, 21 mil temporários devem ser efetivados

postado em 19/12/2010 08:00
A vendedora Solange Maranhão foi chamada por cinco empresas: %u201CVou colocar em prática minha experiência%u201DO mercado de trabalho vai alçar 21 mil trabalhadores temporários a postos fixos no início do ano que vem. Esse contingente é quase 50% maior do que o registrado nos primeiros meses de 2010 e reflete um Brasil onde o consumo das famílias cresce em ritmo superior ao surgimento de profissionais qualificados. O comércio e parte da indústria estão retendo toda mão de obra possível para fazer frente a esse aquecimento ; apenas para o Natal, cerca de 140 mil vagas provisórias foram abertas para suportar a avidez do brasileiro por compras.
Segundo o presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), Roque Pellizzaro, as vendas de fim de ano serão 12% superiores às de 2009, o que deve fazer deste o melhor Natal já registrado pelo comércio. Ele estima que, em um período normal, somente 10% dos trabalhadores temporários seriam efetivados. Mas, em função de um crescimento de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas geradas no país), a absorção do mercado de trabalho será, em termos percentuais, 50% maior neste ano, conforme projeções da CNDL.

Nas contas da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o número de empregados que permanecerão nas empresas após o fim do ano crescerá 30%. ;Temos uma conjuntura econômica favorável e os empresários estão apostando nisso;, aponta o economista da CNC Fábio Bentes. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a taxa de desemprego em novembro ficou em 5,7%, a menor desde o início da série histórica, em março de 2002.

Dedicação
A vendedora Solange de Oliveira Maranhão, 38 anos, espera ser efetivada. Depois de um ano e meio em casa, ela aproveitou o bom momento do mercado de trabalho para se recolocar. Em novembro, foi contratada num posto temporário em uma loja de eletrodomésticos.

;Sempre atuei nesse ramo e, agora, a volta ao batente foi imediata. Fiz entrevistas e cinco empresas me chamaram;, conta. Na expectativa de permanecer na companhia, ela se esforça para mostrar o que aprendeu ao longo de 18 anos de carreira. ;Vou colocar em prática toda a minha experiência na área de vendas e atendimento. Também é importante ter pontualidade, postura profissional, ser atenciosa e dedicada.;

A subgerente de uma unidade da livraria Saraiva Tatiana Couto de Lima confirma que é grande a possibilidade de efetivação dos profissionais chamados para o fim do ano. ;No ano passado, duas pessoas permaneceram na empresa. Agora, das oito que selecionamos, quatro devem ficar;, calcula. Com o aquecimento da economia e a falta de profissionais capacitados, o emprego temporário é uma porta de entrada para quem não tem experiência. Na outra ponta, torna-se uma oportunidade para o empresariado treinar pessoal. ;No Brasil, estamos vivendo algo próximo do pleno emprego em algumas regiões. Por isso, o setor produtivo tem poucas opções de onde buscar mão de obra;, avalia Pellizzaro.

;Com essa escassez, o comércio está sendo fortemente pressionado. De forma semelhante ao que acontece em outros setores, estamos retendo todos os bons trabalhadores;, conclui. Para Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, porém, o Brasil terá de se preparar para lidar com a falta de pessoas preparadas. ;Só o treinamento do período de vagas provisórias não é suficiente para qualificar as pessoas. Há uma falta de profissionalização generalizada, e precisamos de mais investimento em educação;, critica o professor.

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