Economia

Estrelas em Nova York, gigantes como Walmart e McDonald´s patinam no Brasil

Rosana Hessel
postado em 19/12/2010 11:10
Há cerca de três meses, multinacionais que faturam bilhões de dólares por ano desembarcaram com toda a pompa e circunstância na Bolsa de Valores de São Paulo (BM), mas até agora não despertaram o interesse dos investidores brasileiros. O volume de negociações dos papéis de gigantes como Walmart, Google, Apple e McDonald;s, que se destacam entre as mais negociadas na Bolsa de Nova York, ainda não decolou no Brasil. A culpa do descaso, segundo os analistas, está no câmbio.

;O preço das ações é elevado e, com o dólar em baixa, o investidor não vê atrativo nesses papéis. Enquanto a moeda norte-americana continuar caindo, certamente essas empresas continuarão preteridas diante dos papéis das empresas nacionais, pois o valor das ações das estrangeiras acompanhará o câmbio;, explica o economista Demetrius Lucindo, da corretora Prosper.
Em 5 de outubro, McDonald;s, Avon, Google, Apple, Bank of America, Walmart, Arcelor Mittal, Exxon Mobil, Goldman Sachs e Pfizer estrearam na bolsa paulista.

Naquele dia, realizaram apenas 54 negócios com os chamados Brazilian Depositary Receipts (BDRs) e movimentaram a modesta quantia de
R$ 2,87 milhões, montante que nem sequer faria cócegas ao caixa de algumas delas. Em um único dia, por exemplo, o McDonald;s arrecada perto de R$ 12 milhões apenas com a venda do Big Mac ; o valor é quase quatro vezes o das transações desses BDRs na Bovespa.

Hora infeliz

Em novembro, os papéis do Walmart ; líder do ranking das 500 maiores empresas globais de 2010 feito pela revista norte-americana Fortune ; tiveram apenas quatro negociações, totalizando R$ 9.280, pouco mais do que os R$ 8.399 cobrados por uma TV Edge LED, de 52 polegadas, em uma das lojas da rede de supermercados no Brasil. Os BDRs do Citgroup, lançados no fim de novembro com um novo lote de 10 empresas estrangeiras, tiveram apenas duas negociações, chegando a R$ 142,1 mil.

De acordo com dados da BM, o total desses papéis negociados em outubro foi de pouco mais de R$ 6 milhões, menos de um milésimo do volume diário de transações da Bolsa de São Paulo, que gira entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões. Em novembro, esse volume foi de apenas R$ 787 mil, e, em dezembro, somava R$ 5,5 milhões até quinta-feira. Na sexta-feira, a maioria dos BDRs fechou em queda ou sem variação, elevando ainda mais o desinteresse do investidor por esses títulos.
Lançar papéis em bolsas estrangeiras faz parte do processo de internacionalização de qualquer empresa global. Multinacionais brasileiras, como a Petrobras, possuem recibos negociados nas bolsas norte-

americanas. Na opinião de Lucindo, o momento escolhido para entrada no mercado acionário brasileiro é que não foi muito feliz, especialmente porque o real está bastante fortalecido. ;Se houver uma maxidesvalorização, esses papéis certamente irão bombar na bolsa;, avalia.

Pouco interesse

Gigantes mundiais são desprezadas pelos brasileiros
no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo

Empresas Total de negócios Volume
em novembro (Em R$ mil)

Apple 10 393,8
Google 6 98,8
Citigroup 2 142,1
WalMart 4 9,3
McDonald;s 4 13,6
Bank of America 7 70,3
Arcelor Mittal 4 283,7
Exxon Mobil 4 11,8
Goldman Sachs 4 10,9
Pfizer 4 11,4
Avon 6 14,7

Fonte: BM

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