Jornal Correio Braziliense

Economia

Presidente Lula recomenda que trabalhadores moderem as compras de Natal

A pouco mais de uma semana de entregar o cargo a sua sucessora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou o discurso em relação às despesas dos brasileiros no Natal. Acuado pela crise que batia à porta da economia nacional, no fim de 2008, Lula pediu que os consumidores fossem às compras para diminuir os efeitos da recessão que se avizinhava. Agora, com os trabalhadores pendurados em dívidas e a inflação perto de superar o teto da meta oficial, ele complementou as medidas tomadas nas últimas semanas pelo Banco Central (BC) para conter o nível de atividade com um apelo: a hora é de gastar com ;responsabilidade;.

;Que as pessoas aproveitem e comprem o que quiserem comprar, mas com muita responsabilidade para não se endividarem, porque o mês de janeiro é sempre muito pesado. Então, o importante é que a gente não perca o senso de responsabilidade nas nossas compras;, disse Lula no programa de rádio Café com o presidente. Ele mostrou preocupação com a elevação dos débitos particulares e com os efeitos inflacionários do aquecimento do comércio. ;Portanto, não vamos passar 2011 apertados, apenas pagando o que a gente gastou em 2010. Vamos gastar o suficiente para não atropelar a esperança e o futuro de todos nós.;

O BC tomou medidas de restrição de crédito para segurar o ímpeto dos brasileiros na hora do consumo, principalmente de bens duráveis. O temor é de descontrole da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que acumula alta de 5,63% em 12 meses. Os analistas ouvidos semanalmente pelo BC apostam que o indicador feche o ano em 5,88%, longe do centro da meta (4,5%) e próximo do teto (6,5%) ; o relatório divulgado ontem assinalou a 14; alta consecutiva na projeção. As decisões do governo não diminuíram as vendas, mas mudaram o comportamento das pessoas, que passaram a pagar os presentes à vista.

Inusitado
Na sua penúltima participação no programa, Lula comemorou a queda do desemprego para 5,7% em novembro, taxa que qualificou de ;extraordinária;. Para ele, capitais como Porto Alegre, que ostenta uma taxa de 3,7% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estão vivendo em pleno emprego, fato comum nos países desenvolvidos. ;Vamos terminar o ano com 2,6 milhões de empregos criados em apenas 11 meses, o que é um dado inusitado;, disse. O presidente assegurou que o indicador vai continuar melhorando no governo de Dilma Rousseff, em resposta ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, ao Minha Casa, Minha Vida 2 e aos investimentos da Petrobras.

Gasto médio chega a R$ 364
Os brasileiros vão gastar em média R$ 364 com presentes neste Natal. É isso que aponta estudo realizado pela Gfk, 4; maior grupo mundial de pesquisa de mercado, com 1 mil pessoas de nove regiões metropolitanas no país e três capitais, incluindo, Brasília. A sondagem mostra que 12% dos entrevistados pretendem gastar até R$ 116; 13% deles, R$ 117 a R$ 232; 22%, de R$ 232 a R$ 580; e 16%, acima de R$ 581. A maioria dos entrevistados ; 55% ; afirmou preferir consumir em um grande centro de compras (loja de departamento, shopping e super ou hipermercado).

Esses locais aparecem em 59% das citações dos homens contra 51% das mulheres. As lojas de rua surgem em segundo lugar (17%) e são mais preferidas por elas (22%) do que por eles (12%).

Outra pesquisa do grupo, realizada com 15.750 pessoas de 16 países, destaca que ainda é baixa a intenção de brasileiros e europeus de realizar as compras de Natal no chamado e-commerce. No Brasil e na Europa, o índice de intenção de compras pela internet é de apenas 5%, enquanto nos Estados Unidos chega a 15%. Ao mesmo tempo, levantamento realizado pela MoIP ; empresa de pagamentos on-line ; indica que 52% dos e-consumidores são da classe C e 29% da classe D.

O foco nesstas classes de consumidores fez com que a Direct Express, maior empresa privada do segmento no país, terminasse o ano com um crescimento de 50% em relação a 2009. No Natal, a empresa prevê expansão de 40% nas vendas na mesma comparação.