postado em 21/12/2010 08:00
Quem mora de imóvel alugado pode preparar o bolso. Os contratos com vencimento em janeiro de 2011 terão reajuste entre 11% e 12% ; a maior correção desde 2004. É o que indica o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), usado como referência para os aumentos. Pelas contas da Fundação Getulio Vargas (FGV), na segunda prévia de dezembro, divulgada ontem, a inflação medida pelo indicador apontou alta de 0,75%, acumulando 11,39% no ano. A boa notícia é que o índice começou a desacelerar ; na segunda prévia do último mês do ano passado, havia ficado em 1,2%.Mas, na avaliação dos especialistas, ainda demorará vários meses para que os reajustes dos aluguéis fiquem abaixo de 10%. Segundo os cálculos dos quase cem profissionais do mercado ouvidos pelo Banco Central, o IGP-M continuará nas alturas. Na pesquisa Focus divulgada ontem, os especialistas elevaram suas projeções para o índice pela 16; semana seguida. Agora, apostam em uma alta de 11,44% neste ano.
Mais forte
O impacto já chegou ao bolso do consumidor. O empresário Denny Guimarães de Souza Salgado, 30 anos, teve o aluguel de seu apartamento em Taguatinga reajustado em R$ 100 por mês. ;Ainda tenho que pagar condomínio e, no total, acabo gastando quase R$ 1 mil por mês só para morar;, reclama.
O médico Bruno Almeida Oliveira, 26 anos, que mora com sua mulher em um apartamento no Setor Sudoeste também anda insatisfeito. Ele gasta mais de 10% de seu salário com o pagamento de despesas com o imóvel. ;Não saímos daqui porque é perto do hospital onde trabalho. Pagamos mais por isso.;
O aluguel é um custo que tende a continuar pesando no bolso. ;No ano que vem ainda teremos uma inflação mais forte.
Os indicadores continuam pressionados;, afirmou Paulo Hegg, operador da Um Investimentos. ;Quem puder vai repassar para a frente a alta do aluguel, caso de lojas e escritórios comerciais. E isso acontecendo, haverá um novo impacto nos preços e na inflação.;
Dos três indicadores que compõem o IGP-M, o único que teve desaceleração na segunda prévia de dezembro foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que subiu 0,77%, contra 1,55% no mesmo período de novembro.
Locação sem fiador
; Paula Takahashi
A figura do fiador está com os dias contados. A partir de fevereiro, a Caixa Econômica Federal pretende pôr no mercado o cartão aluguel, que promete modernizar e desburocratizar os contratos imobiliários. O produto inédito será associado ao sistema de cartão de crédito e eliminará a necessidade do fiador, que somente em Belo Horizonte está presente em 95% dos negócios de locação. A garantia de pagamento será da própria instituição financeira, que assegura a quitação de até 12 parcelas.
O projeto piloto já está em andamento em quatro imobiliárias do país, sendo duas em São Paulo e duas em Goiânia. A expectativa é de que a partir de fevereiro ele esteja disponível em todo o país, nas imobiliárias credenciadas pela Caixa. ;O nosso objetivo é suprir esse mercado com meios de pagamento mais modernos, uma reivindicação que vinha do próprio setor;, disse o vice-presidente da Caixa, Fábio Lenza.
Lançado nas bandeiras Mastercard e Visa para pessoas físicas, o dispositivo também terá função de crédito e poderá ser utilizado normalmente no pagamento de compras em estabelecimentos comerciais. Haverá dois limites, sendo um do aluguel, destinado apenas a esse fim, e outro do rotativo. ;Pagar o aluguel vai se tornar tão simples como comprar um televisor ou um pacote de viagens em 12 vezes. O que estamos oferecendo é uma linha com garantia;, explicou Lenza.
Se utilizado apenas como cartão convencional, o serviço será tarifado em R$ 96 ao ano. Caso a linha de aluguel seja ativada, o inquilino pagará mensalmente a taxa de manutenção, o equivalente a 6,67% do valor do aluguel contratado. A Caixa espera que, nos próximos 60 dias, 300 empresas estejam preparadas para a venda dos cartões em todo o país.