Economia

Inflação de dezembro é menor que o 0,86% de novembro; alimentos sobem

postado em 22/12/2010 08:00
Embora o preço dos produtos do grupo alimentício tenha desacelerado, a carne bovina ficou, em média, 8,32% mais cara e o frango, 5,31%Depois de castigar o bolso do consumidor nos últimos meses, a inflação medida pela prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) deu uma pequena folga e desacelerou para 0,69% em dezembro. O valor, inferior ao 0,86% registrado em novembro, surpreendeu os analistas, que esperavam pelo menos 0,79%. O relativo alívio foi ocasionado, principalmente, pelo reajuste dos alimentos num ritmo menor. O grupo teve alta de 1,84%, ante 2,11% no mês anterior. O arrefecimento, no entanto, não deve durar muito. Vilões como o feijão e a batata deixaram de encarecer o orçamento dos trabalhadores, mas as chuvas devem reduzir a oferta de outros produtos, como as hortaliças.

Na avaliação da economista do banco Santander Tatiana Pinheiro, apesar da desaceleração, os preços dos produtos alimentícios continuarão avançando. ;A alta de 1,84% é menor que em dezembro, mas não é pouca. A inflação dos alimentos deve continuar, talvez abaixo de 2%, mas não podemos esquecer que o cinturão de produção dos itens in-natura está quase todo no Sudeste. Os custos de alface e tomate, por exemplo, devem subir;, considerou. Outras pressões comuns no início do ano, como os reajustes de aluguel e do condomínio e o efeito das matrículas escolares, mantêm a estimativa de alta da inflação no começo de 2011. ;O cenário ainda é de preços salgados.;

Surpresa
Apesar do freio geral, alguns alimentos mantiveram a carestia. As carnes bovinas passaram a custar, em média, 8,32% a mais do que em novembro, enquanto o frango teve reajuste de 5,31%. A pressão compensou parcialmente as quedas de 12,72% do feijão carioca e de 3,62% da batata inglesa. Para Tatiana, o recuo desses itens era esperado, e a surpresa de uma inflação menor do que a prevista veio de outras fontes. ;Houve acréscimo em passagens aéreas, mas menos do que se esperava. O mesmo se repetiu com os serviços de empregada doméstica, vestuário, carros usados e novos;, relacionou.

Mesmo com a surpresa em dezembro, o IPCA-15 acumulou expansão de 5,79% no ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Medido do dia 16 de um mês para o dia 15 do seguinte, o IPCA-15 é uma prévia do IPCA, indicador oficial de inflação. O diretor de Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, acredita que o IPCA vai ficar num nível mais próximo ao teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. ;Os índices ainda deverão ser bastante influenciados por alimentação, grupo que também deverá entrar em trajetória de descompressão, garantindo que o IPCA encerre 2010 ao redor de 6%;, afirmou.

A inflação do grupo de produtos não alimentícios registrada pelo IPCA-15 de dezembro foi de 0,34% e também ficou situada abaixo do percentual de novembro (0,49%). Além de ser influenciado por serviços, o indicador resulta de uma desaceleração nos preços do etanol e gasolina, que passaram de 6,75% para 2,13% e de 1,92% para 0,07%, respectivamente.

Festividades
O brasiliense teve que gastar mais este ano para garantir a ceia e os presentes de Natal. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma cesta de 34 itens com bebidas, alimentos e artigos consumidos especialmente no período que antecede as festividades encareceu 5,86% na capital em relação ao feriado de 2009. O indicador fica acima da média nacional de 4,92%, mas abaixo de cidades como Curitiba (8,65%), Belo Horizonte (6,69%) e Goiânia (6,30%).

Crédito deve recuar
Vera Batista
Crescimento econômico moderado, inflação mais alta, piora nas contas externas e redução de crédito para pessoa física. Esse foi o cenário traçado, ontem, pela Pesquisa de Projeções Econômicas e Expectativas de Mercado, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), para 2011 e 2012. Segundo o economista-chefe da entidade, Rubens Sardenberg, ;houve redução nas expectativas de crédito, mas moderada. O crédito para pessoa física vai crescer menos em 2011, como resultado das medidas prudenciais adotadas pelo Banco Central;.

Sardenberg afirmou que é cedo para avaliar os impactos do aumento do compulsório dos bancos nas operações de financiamento para pessoas físicas, cujo ritmo de expansão deve cair de 16,7% em 2011 para 16,4% em 2012. ;Não há consenso. Depende de qual vai ser a postura fiscal do novo governo, como vai aliviar a política cambial, se vai continuar na meta sem mudanças. Aguardam-se mais medidas de restrição ao crédito se a demanda não recuar;, explicou.

A inadimplência deve fechar o ano em 4,6% e se manter estável até 2012. O crédito para pessoa jurídica aumentará 17,5%, com foco especialmente nas pequenas e médias empresas. Mas a taxa básica de juros (Selic) subirá em 2011, partindo dos atuais 10,75% para 12,25%, e recuará para 11% no ano seguinte. Na avaliação de Sardenberg, se não retirasse R$ 61 bilhões de circulação com a elevação do compulsório, talvez o BC fosse obrigado a elevar os juros na última reunião deste ano.

Os analistas do mercado financeiro estão divididos: uns apostam que a Selic chega ao fim de 2012 em 11,25%. Outros, que os juros voltam para 10,75%. Todos concordam que a taxa ficará em 12,25% em 2011. O estudo revela que 71% dos empresários acreditam que a inflação não será um problema relevante em 2011. O Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) encerra 2010 e 2011 em 5,2%, só convergindo para o centro da meta, de 4,5%, em 2012.

A pesquisa prevê crescimento da economia em 4,5% nos próximos dois anos. A expectativa dos especialistas é também de valorização do real frente ao dólar. A moeda norte-americana deve chegar a R$ 1,75 em 2011 e a R$ 1,80 em 2012, de acordo com as projeções.

Intenção de consumo
Os brasileiros estão dispostos a gastar bastante neste Natal. A Intenção de Consumo das Famílias (IFC), medida pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), registrou alta de 3,1% em dezembro, chegando ao maior nível deste ano, com 143,4 pontos. O endividamento dos consumidores desacelerou frente a novembro. No mês passado, 59,8% das famílias possuíam dívidas. Em dezembro, essa quantidade caiu para 58,3%. A melhora dos indicadores ocorreu em função das expectativas em relação a renda e, principalmente, pelo 13; salário. Segundo analistas, o pagamento extra foi mais direcionado para o consumo neste ano, deixando a quitação de contas em atraso em segundo plano. De acordo com a pesquisa da CNC, as últimas semanas de dezembro serão um bom momento para a venda de bens duráveis, como televisores, computadores e outros aparelhos.

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