Economia

Presidente Lula cobra de companhias aéreas e dos trabalhadores

postado em 23/12/2010 08:00
Ana Cecília Teixeira, ao lado do marido, Raffaello Santoro, chegou bem mais cedo para tentar embarcar no mesmo diaO presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem responsabilidade das companhias aéreas e dos trabalhadores para pôr fim ao impasse nas negociações, numa tentativa de evitar que a greve programada para hoje azede o Natal dos passageiros brasileiros. A pouco mais de uma semana de passar o poder para a sucessora, Dilma Rousseff, Lula quer impedir que o caos nos aeroportos manche o fim do seu governo. Ele pediu que os empresários e as duas categorias envolvidas, a dos aeroviários e a dos aeronautas, abandonem as posições rígidas adotadas até agora e cheguem a um acordo em torno do percentual de reajuste salarial.

;Os empresários podem flexibilizar um pouco e os empregados podem flexibilizar um pouco. O que não pode é qualquer atitude de irresponsabilidade que leve o povo brasileiro a sofrer;, disse o presidente após a cerimônia de sanção da regulamentação do pré-sal. Lula lembrou que, beneficiados pelo aumento do emprego e da renda, muitos trabalhadores estão viajando de avião pela primeira vez neste fim de ano. Para ele, é injusto impedir que eles embarquem para passar o Natal com a família. ;Espero que haja uma solução. Estou convencido que deva haver maturidade entre trabalhadores e empresários para que o povo não seja vítima da insensatez.;

Lula cobrou uma atitude do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que soltou uma carta à noite, culpando as companhias aéreas. Ontem, no Aeroporto de Brasília, as dificuldades se avolumaram. Apressado, o analista Valmir Diefenthaeler, enfrentou mais de uma hora e meia na fila da TAM para pegar o cartão de embarque e teve que sair correndo para não perder o voo para Foz do Iguaçu. Situação bem mais dramática enfrentou a cantora Ana Cecília dos Santos Teixeira. Ela e a mãe não conseguiram comprar a passagem para o mesmo dia.

Na terça-feira, a mãe embarcou num voo com conexão em São Paulo, onde não conseguiu assento para o destino final, Teresina (PI). Foi então induzida a ir para o Rio de Janeiro. Lá, também não conseguiu embarcar. Só no início da noite de ontem, a companhia confirmou sua ida. Ana Cecília chegou ontem ao terminal brasiliense às 17h30 e só embarcou três horas depois. ;Já sabia que estava esse caos. Por isso, cheguei bem mais cedo, na esperança de conseguir embarcar ainda hoje;, disse, ao lado do marido, o produtor musical Raffaello Santoro.

Estrutura
O clima era de revolta no Aeroporto Juscelino Kubitschek. O empresário Everaldo da Silva Júnior aguardava na fila quilométrica que se formou no guichê da TAM. Ele chegou por volta de 18h30 para voar às 20h40, com destino à Salvador e escala em São Paulo. ;Inicialmente estava previsto que o avião sairia às 19h04, mas já vi no painel que atrasou. No mínimo, falta estrutura ao aeroporto da capital do país;, lamentou.

Ontem, depois de fiscalizar os pousos e decolagens no Aeroporto de Manaus, o Procon do Amazonas multou a TAM em R$ 100 mil. ;De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, a empresa deveria arcar com as despesas de hospedagem e alimentação quando o voo for cancelado. Mas temos muita reclamação em relação à deficiência desse serviço;, afirmou o fiscal do Procon Gesta Neto.

EUROPA VOLTA A OPERAR
; Os serviços aéreos e ferroviários começaram a se normalizar ontem na Europa, mas os problemas causados pelo gelo e pela neve nos últimos dias continuam afetando partidas e chegadas na movimentada semana anterior ao Natal. Os importantes terminais de Heathrow (Londres) e Frankfurt (Alemanha) assinalaram, na internet, que as operações estão voltando ao normal após os transtornos que afetaram dezenas de milhares de passageiros. As dificuldades geraram um debate sobre a necessidade de leis que obriguem os aeroportos a lidar de forma mais eficiente com questões climáticas. O comissário europeu de Transportes, Siim Kalllas, quer que os aeroportos ofereçam um nível mínimo de infraestrutura de apoio aos passageiros que não puderem embarcar. Um executivo da Lufthansa reclamou do despreparo da administração de Heathrow, que ficou fechado durante quase 10 dias.

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