Economia

Atrasos em decolagens voltaram a aborrecer passageiros

O aeroporto de Brasília liderou os transtornos

postado em 04/01/2011 10:15
A volta do feriado de fim de ano foi um tormento para os passageiros que tinham como destino o Aeroporto Internacional de Brasília, que registrou até as 19h de ontem atrasos em 73 voos, o equivalente a 47,1% do total e muito acima da média nacional, que chegou a 34% das decolagens, conforme dados divulgados pela Infraero. Também houve atrasos acima de 40% nos aeroportos de Congonhas e de Guarulhos, em São Paulo. No Aeroporto de Confins (MG), o atraso chegou a 54,5%, por causa o mau tempo. A TAM foi a companhia que mais desrespeitou os consumidores. A empresa apresentou uma média de 56% das partidas domésticas e 67,7% das internacionais acima dos 30 minutos de tolerância.

Tantos problemas levaram a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a enviar inspetores para acompanhar a área de operação da empresa com o objetivo de verificar os motivos do descumprimento de horários, que a empresa atribuiu ao mau tempo. ;O atraso da TAM está muito elevado, além do que seria previsto por causa da intempérie;, informou a agência, durante a tarde. Segundo a Anac, as empresas não podem atribuir o atraso à falta de tripulações, porque em 1; de janeiro as escalas das tripulações foram zeradas, liberando comandantes e comissários para voar.

O comportamento das empresas aéreas ante o atraso apresentou uma atenuante ontem, porque elas embarcaram os passageiros com atraso, mas não cancelaram ; o índice de decolagens anuladas ficou em 3,7% até as 19h ; voos como antes. ;Pelo menos os passageiros estão viajando;, disse o órgão regulador.

Desculpas
No início da noite, a TAM divulgou nota pedindo desculpas aos usuários. ;Um conjunto de fatores dificultou a operação na volta do feriado, provocando atrasos acima dos níveis usuais. Houve interrupções pontuais das operações em alguns aeroportos, devido à meteorologia, prejudicando conexões ; inclusive internacionais ; e levando a companhia a fazer ajustes em sua malha aérea; afirmou a TAM. A Webjet, por sua vez, justificou os atrasos de 38% de seus voos às restrições meteorológicas no Aeroporto de Confins.

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balduíno, disse que os atrasos verificados devem ser atribuídos à falta de planejamento das empresas, porque os aeroviários e os aeronautas retomaram as negociações com as empresas aéreas e se comprometeram a suspender a paralisação até o próximo 12 de janeiro. ;Antes do início, já havia atrasos. Essa é uma rotina que vivemos exatamente por causa do descaso da Anac e do governo Lula, que muito fizeram pelas classes C, D e E, mas nada fizeram pela aviação. Esperamos que a nova presidente não seja míope e olhe o setor com a atenção devida;, disse Selma.

Reclamação no juizado

Um grupo de 12 pessoas aguardava no balcão de check-in da TAM, às 17h de ontem, por uma declaração da empresa sobre o atraso do voo 3820, que saiu do Aeroporto do Galeão (RJ) mais de quatro horas após o previsto. ;Vamos entrar com ação na Justiça, porque tivemos grandes prejuízos. Todos perderam o dia de trabalho. Além disso, perdi a consulta com o dentista;, disse o advogado Marco Brito.

A também advogada Ana Priscila Marques, 26 anos, que estava no voo lotado, disse que os outros passageiros não quiseram apanhar a declaração da empresa porque estavam atrasados para seus compromissos. ;Iremos à Justiça, mas sabemos que isso vai acabar em acordo e nada ganharemos. Não vamos deixar passar em branco;, avisou.

No Juizado Especial do Aeroporto de Brasília, ontem foi registrado um recorde de 48 reclamações contra os atrasos verificados. Durante o mês de dezembro, o juizado recebeu 811 casos, o que representou um aumento em relação aos meses de novembro e outubro, quando foram atendidas 600 e 744 pessoas, respectivamente. O juizado conseguiu celebrar 148 acordos informais, reafirmando sua principal meta, que é a conciliação entre passageiros e companhias aéreas. (JF)

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