postado em 06/01/2011 08:15
Os passageiros das empresas de aviação continuaram a sofrer com índices elevados de atrasos nas partidas dos aviões nos aeroportos brasileiros. Uma das causas do problema foi identificada na operação-padrão dos tripulantes da TAM, que passaram a cumprir à risca a jornada de 10 horas e a tirar as folgas fixadas na regulamentação profissional. Aumentaram, inclusive, o número de licenças médicas. Resultado: o martírio para os usuários continuará. Dados da Infraero mostram que até as 17h de ontem, 327 dos 1827 voos programados em todo o país partiram além do prazo de 30 minutos de tolerância. No Aeroporto Internacional de Brasília, o problema afetou 21,5% das decolagens. Na TAM, o índice ficou em 26,7%. Na Webjet, o desrespeito atingiu proporção maior: 31,6 %.Oficialmente, os tripulantes da TAM não podem declarar a operação-padrão porque o Tribunal de Justiça do Distrito Federal concedeu liminar, a pedido do Ministério Público Federal, obrigando os sindicatos dos aeronautas e dos aeroviários a manterem em atividade 80% dos comandantes, comissários de bordo e pessoal que trabalha em terra, sob pena de uma multa diária de R$ 3 milhões. Ontem, a comissão executiva do movimento das categorias profissionais discutiu a estratégia que adotará até 12 de janeiro, quando haverá uma nova rodada de negociações com o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea). O Sindicato Nacional dos Aeronautas e o Sindicato Nacional dos Aeroviários negam que tenham liderado a operação tartaruga dos tripulantes da TAM.
Cascata
A assessoria da TAM disse que identificou sinais de operação-padrão entre os aeroviários que operam nas rampas nos aeroportos, mas informou também que não comunicou à Justiça, porque deseja caracterizar com mais precisão o movimento, a fim de denunciá-lo. A empresa continua atribuindo os atrasos ao mau tempo, que geraria um efeito em cascata na escala de voos. A melhoria verificada ontem, segundo a companhia, deveu-se ao aumento da frota que recebeu aviões que estavam em manutenção. Um redesenho da malha de voos, com aumento de partidas nos terminais de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo atendeu mais passageiros com menores índices de atraso.
A TAM divulgou nota à imprensa afirmando que sua maior prioridade é uma operação aérea segura, respeitando a Lei do Aeronauta, com seus limites de jornada, horas mensais e folgas. ;Desconhecemos qualquer ;operação-padrão; em nossas atividades;, comunicou. Os sindicalistas consideram que as empresas aéreas venderam bilhetes acima de sua capacidade de embarcar passageiros, praticando o overbooking (número de bilhetes vendidos superior ao de assentos), na tentativa de lucrar com o aumento da demanda das classes C, D e E.
;Não tem operação-padrão. É o desastre administrativo das empresas que está em evidência. As empresas venderam a mais, fizeram overbooking. Falta fiscalização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que atua como o finado Departamento de Aviação Civil (DAC). Os trabalhadores não são responsáveis pela crise do setor de aviação;, afirmou o diretor do SNA, Aguinaldo Souza.
Modelo americano
O economista Fernando de Hollanda Barbosa Filho, da Fundação Getulio Vargas (FGV), defende a adoção de leilões para acabar com o overbooking. Como já ocorre nos EUA, as empresas aéreas oferecem vouchers ou dinheiro, além de hospedagem, para os passageiros trocarem seus assentos em determinado avião por um lugar em voo de outro dia ou horário. No caso de 10 pessoas excedentes, a companhia aérea oferece, por exemplo, US$ 500.
OGX acha mais óleo
A OGX, braço de petróleo e gás natural do grupo EBX, do empresário Eike Batista, anunciou a descoberta de indícios de petróleo no bloco BM-C-37, situado em águas rasas da bacia de Campos. A empresa divide o bloco com a operadora Maersk Oil. O lugar da descoberta, batizado como Carambola-A, é o primeiro de dois poços a serem perfurados. A primeira perfuração foi concluída a uma profundidade total de 3.400 metros abaixo do nível do mar.
O poço situa-se a aproximadamente 74 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, onde a lâmina d;água é de aproximadamente 134 metros. Uma sonda iniciou as atividades de perfuração em 3 de novembro de 2010 e será deslocada cerca de 4 quilômetros ao norte, onde trabalhará no poço exploratório Carambola B. Na opinião do analista do BB Investimentos Nelson Matos, a notícia é positiva para a empresa e a recomendação contínua de compra para as ações, apesar de ele ressaltar que a descoberta não é garantia de declaração de comercialidade.
Matos destacou que o prospecto Carambola está próximo de outras descobertas da OGX, o que favorece a formação de um cluster de produção, realidade que possibilitaria um melhor aproveitamento da infraestrutura e da logística de exploração do petróleo. Por volta das 13h55 (horário de Brasília), apesar do petróleo continuar registrando queda, mas mantendo-se em patamares elevados, as ações da companhia subiam 1,39%. Os papéis fecharam com elevação de 1,94%.