postado em 07/01/2011 08:00
Washington ; Com a economia dos Estados Unidos ainda no atoleiro e ciente da necessidade de se dar mais estímulos à produção e o consumo, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, pediu ontem congresso o aumento do teto do endividamento público. Segundo ele, já no fim de março, os débitos do governo vão superar o limite de US$ 14,3 trilhões previsto em lei. Atualmente, o endividamento soma US$ 13,9 trilhões, considerado excessivo por boa parte dos analistas, que aconselham ao presidente dos EUA, Barack Obama, preparar-se para uma nova batalha política, relacionada ao forte deficit fiscal do país.;Se não conseguirmos elevar o limite do endividamento, isso precipitará a inadimplência nos Estados Unidos; afirmou Geithner. ;Portanto, peço ao Congresso elevar o teto no início deste ano, antes que a ameaça de falta de pagamentos se torne iminente;, acrescentou. A despeito dos argumentos do secretário, a proposta do governo já recebeu crítica do Partido Republicano, que passou a ter maioria na Câmara dos Deputados. Vários parlamentares da sigla de oposição ameaçaram se opor ao pleito, advertindo que estavam dispostos a fechar setores inteiros da administração pública para abater o deficit fiscal crescente.
O pedido para um endividamento maior chegou no momento em que a Câmara dos Deputados se prepara para redigir o projeto orçamentário de 2012, que trará um esboço dos níveis de gastos abaixo dos registrados no ano fiscal de 2008. O presidente do Comitê de Orçamento da Casa, o republicano Paul Ryan, afirmou que o projeto orçamentário em curso, metade baseado no ano fiscal de 2011, cortará US$ 60 bilhões, menos que os US$ 100 bilhões desejados pelo seu partido. Durante a campanha para as eleições do Congresso no ano passado, os republicanos disseram que queriam reduzir os gastos dos EUA, exceto os relacionados à defesa.
Para Geithner, a questão do endividamento não dever ser tratada com viés político, mas técnico. ;Mesmo um calote limitado ou de curto prazo teria consequências econômicas catastróficas, que durariam décadas;, disse o secretário do Tesouro em carta ao líder da bancada majoritária do Senado, Harry Reid. Mas, para o presidente da Câmara dos EUA, John Boehner, qualquer medida para elevar o limite de dívida do país deverá ser acompanhada de cortes de gastos. ;O povo norte-americano não aceitará qualquer aumento do tipo a não ser que seja acompanhado de medidas significativas pelo presidente e pelo Congresso para cortar as despesas e pôr fim à gastança em Washington, que está diminuindo o emprego;, assinalou.
Safra será recorde
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou a estimativa para a produção nacional de grãos em 2010/11 no quarto levantamento de safra, divulgado ontem. A produção foi estimada em 149,41 milhões de toneladas, um recorde. Em dezembro, a previsão era de 149,08 milhões de toneladas. Na comparação com a safra 2009/10, de 149,2 milhões de toneladas, houve aumento de 0,1%. De acordo com a estatal, o resultado deve-se às condições climáticas vigentes até o início da segunda quinzena de dezembro do ano passado.
;A confirmação desse volume dependerá do comportamento climático durante as fases de desenvolvimento das culturas;, afirma a autarquia. O aumento deve-se a ajustes positivos nas estimativas da produção de arroz, milho e trigo. Já para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de grãos na safra 2011 será de 145,8 milhões de toneladas, com queda de 2,5% ante o ciclo de 2010, de 149,5 milhões de toneladas. No caso do órgão de pesquisa, foi o terceiro prognóstico. O volume previsto para 2011 é um pouco maior que as 145,1 milhões de toneladas estimadas no segundo levantamento.
Venezuela tem maior inflação da AL
; A Venezuela registrou a maior inflação da América Latina em 2010: 27,2% contra os 25,1% do ano anterior. O resultado não foi surpresa para os analistas, que desconfiam do índice divulgado pelo Banco Central. Para eles, pode ter havido manipulação nos resultados, dada a imensa intervenção do governo de Hugo Chávez nos órgãos de estatísticas do país. Manipulados ou não, os consumidores devem se preparar para um 2011 difícil. Apesar das promessas governamentais de que a inflação dará uma trégua, as previsões do BC venezuelano apontam para aumento médio dos preços entre 23% a 25% neste ano. Ou seja, em apenas três anos, o valor das mercadorias vai quase dobrar. Ao mesmo tempo que a inflação disparou, o Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela caiu 1,9% no ano passado, a segunda retração consecutiva, devido a problemas econômicos estruturais. O país, o primeiro exportador de petróleo da região, é amplamente importador de matéria-prima agrícola e sofre com o desabastecimento recorrente de alguns produtos.