Rosana Hessel
postado em 08/01/2011 08:00
O aumento do consumo de energia a uma velocidade acima da elevação do Produto Interno Bruto (PIB) já preocupa o governo. O forte crescimento em 2010 deve levar a uma expansão fabulosa, entre 7,5% e 8% ; a maior desde 1986. Esperava-se, no primeiro ano depois da crise econômica que esfriou o país em 2008 e 2009, uma recuperação menor da demanda por energia, de 6,1%, ou 55,5 mil megawatts. Há cinco meses, o número foi revisado para 7,4% (56,1 mil MW). Contudo, a pressão das fábricas, do comércio e dos lares brasileiros superou todas as estimativas e elevou a carga para 8,3% no ano passado, o equivalente a 56,6 mil MW.;O consumo de energia no país cresceu muito em 2010. Houve um salto no consumo de energia elétrica, enquanto o PIB cresceu pouco mais de 7%. Temos que ter um cuidado redobrado sobre isso e tudo indica que o ritmo vai prosseguir assim;, diagnosticou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. ;O Brasil está crescendo muito e, por conta disso, vai exigir mais energia;, alertou. O ministro lembrou que, dentro de 20 anos, o Brasil será obrigado a dobrar o estoque atual de energia, de 110 mil megawatts (MW), passando para mais de 200 mil MW. ;Aquilo que se construiu em 100 anos terá que ser feito em 20;, projetou.
Dificuldade
Para fazer frente à demanda nos próximos 10 anos, os investimentos devem superar a casa de R$ 1 trilhão. Embora gigantesco, não é o volume de capital que assusta, mas a dificuldade de liberação das licenças ambientais para hidrelétricas, incluindo o alvará para o início da construção de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, com capacidade para 11,3 mil MW. O contrato de concessão da megausina foi assinado em agosto de 2010 e a expectativa inicial era de que a liberação para o canteiro de obras saísse em dezembro. Lobão espera que esse nó seja desatado em fevereiro. Há ainda, disse ele, mais de 30 pendências ambientais relativas a outros projetos paradas no Ministério do Meio Ambiente.
Em tom conciliador de início de governo, o ministro buscou amenizar o conflito histórico com a área ambiental do governo. ;Quero render minhas homenagens à ministra Izabella Teixeira (do Meio Ambiente). que não está economizando esforços no sentido de que não haja mais atrasos prejudiciais na construção das linhas de transmissão e obras de Belo Monte;, disse. Lobão relatou que a ministra prontificou-se a interferir e a acelerar os processos parados. ;Vamos viver um mundo novo, se Deus quiser, sobre licenças ambientais;, afirmou Lobão.
Novas usinas
Como parte do projeto para ampliar a oferta de energia, o governo aposta em leilões de pelo menos 7 novas hidrelétricas ao longo de 2010. A primeira será a de São Luiz dos Tapajós, na Região Norte, com capacidade para 11 mil MW. Outras cinco usinas serão construídas no Rio Parnaíba (PI), com cerca 1 mil MW de potência. Também está nos planos licitar a Hidrelétrica de Serra Quebrada, em Tocantins, de 1,3 mil MW. Essas usinas estavam previstas para serem ofertadas no ano passado. Lobão anunciou que também espera aprovar este ano a construção de quatro usinas nucleares ; duas no Nordeste e duas no Sudeste do país. A capacidade dessas unidades, no entanto, ainda não está definida.
Regras para a mineração
; As novas regras da mineração será finalmente enviadas ao Congresso neste ano, se depender da vontade do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. ;O projeto está pronto desde março de 2010, quando foi encaminhado à Casa Civil, que o repassou ao Ministério da Fazenda. A presidente Dilma Rousseff disse que vai examinar o processo. Por isso ele ainda não foi enviado ao Congresso;, explicou. Deverão ser remetidos também outros dois projetos. Um deles prevê a criação de uma agência reguladora para os minérios, o que implicará na extinção do atual Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). O segundo será sobre os royalties das novas concessões de minas e prevê uma revisão das taxas atuais, de 2%. Em outros países, elas giram entre 8% e 10%. ;Esses cálculos precisam ser definidos, pois lá fora não existem os impostos que são cobrados aqui;, disse o ministro.
Com ou sem a Venezuela
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a Petrobras continuará conduzindo, sozinha, as obras de construção da Refinaria Abreu e Lima, próxima ao Porto de Suape, em Pernambuco. Sócia do projeto, a Petroleos de Venezuela S.A.
(PDVSA) ainda não cumpriu seus compromissos e muito menos apresentou as garantias de um empréstimo ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A estatal brasileira detém 60% do projeto e a venezuelana, 40%.
Mas, independentemente da ausência de participação dos venezuelanos em Abreu e Lima, a sociedade está mantida, já que a balança comercial com o país governado por Hugo Chávez é extremamente favorável ao Brasil. Lobão assegurou ainda que a PDVSA poderá entrar a qualquer momento na operação, até mesmo na véspera do início de funcionamento da refinaria, desde que pague os custos que correspondem à sua participação, em valores corrigidos. ;Se a Petrobras tiver construído, ela pagará os 40% corrigidos. Se ela (PDVSA) não entrar, a Petrobras fará sozinha;, disse.
Entre 2007 e 2010, foram investidos cerca de R$ 1,9 bilhão nas obras, mostram os números do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O início da operação está previsto para dezembro de 2012. O projeto todo está orçado em R$ 21 bilhões. (RH)
Petrobras acelera
A Petrobras decidiu antecipar projetos na área de Guará-Norte e no campo de Cernambi (ex-Iracema), na camada pré-sal da Bacia de Santos. Operadora dos blocos, a estatal informou que foi aprovado, para a região, o afretamento de duas novas plataformas que produzem, armazenam e transportam petróleo e gás. Cada um dos equipamentos terá capacidade de produzir, diariamente, até 150.000 barris de óleo e 8 milhões de m3 de gás. A previsão é de que entrem em operação em 2014, antecipando a produção das áreas anteriormente prevista para um período posterior.
As duas novas plataformas integram a primeira fase do desenvolvimento da produção de Guará-Norte e Cernambi. Segundo a Petrobras, os sócios desses dois blocos ;tomaram a decisão estratégica de afretar as unidades para viabilizar a antecipação da produção dessas áreas, cujos testes iniciais de vazão apresentaram resultados excelentes;. Guará-Norte é operado pela Petrobras (45%) em parceria com a BG Group (30%) e Repsol Brasil S.A. (25%). Já Cernambi, também liderado pela Petrobras (65%), conta com as participações da BG Group (25%) e da portuguesa Galp Energia (10%).
A intenção é que a conversão das unidades que vão operar na região seja feita no Brasil, assim como a construção e a integração dos módulos. ;A meta é alcançar um índice de conteúdo local (equipamentos nacionais) na construção das unidades superior a 65%;, informou a Petrobras.
Além dos equipamentos afretados, a estatal conclui amanhã a instalação, na Baía de Guanabara, da plataforma de serviço Cidade de Arraial do Cabo, que dará apoio logístico às unidades de produção que operam na Bacia de Campos. Esse tipo de plataforma, uma unidade de manutenção e segurança, tem como principal tarefa o prolongamento da vida útil das bases de produção. A nova planta dispõe de um moderno sistema de posicionamento dinâmico, que permite a conexão a qualquer tipo de equipamento, fixo ou flutuante. A Petrobras decidiu antecipar projetos na área de Guará-Norte e no campo de Cernambi (ex-Iracema), na camada pré-sal da Bacia de Santos. Operadora dos blocos, a estatal informou que foi aprovado, para a região, o afretamento de duas novas plataformas que produzem, armazenam e transportam petróleo e gás. Cada um dos equipamentos terá capacidade de produzir, diariamente, até 150.000 barris de óleo e 8 milhões de m3 de gás. A previsão é de que entrem em operação em 2014, antecipando a produção das áreas anteriormente prevista para um período posterior.
As duas novas plataformas integram a primeira fase do desenvolvimento da produção de Guará-Norte e Cernambi. Segundo a Petrobras, os sócios desses dois blocos ;tomaram a decisão estratégica de afretar as unidades para viabilizar a antecipação da produção dessas áreas, cujos testes iniciais de vazão apresentaram resultados excelentes;. Guará-Norte é operado pela Petrobras (45%) em parceria com a BG Group (30%) e Repsol Brasil S.A. (25%). Já Cernambi, também liderado pela Petrobras (65%), conta com as participações da BG Group (25%) e da portuguesa Galp Energia (10%).
A intenção é que a conversão das unidades que vão operar na região seja feita no Brasil, assim como a construção e a integração dos módulos. ;A meta é alcançar um índice de conteúdo local (equipamentos nacionais) na construção das unidades superior a 65%;, informou a Petrobras.
Além dos equipamentos afretados, a estatal conclui amanhã a instalação, na Baía de Guanabara, da plataforma de serviço Cidade de Arraial do Cabo, que dará apoio logístico às unidades de produção que operam na Bacia de Campos. Esse tipo de plataforma, uma unidade de manutenção e segurança, tem como principal tarefa o prolongamento da vida útil das bases de produção. A nova planta dispõe de um moderno sistema de posicionamento dinâmico, que permite a conexão a qualquer tipo de equipamento, fixo ou flutuante.