Agência France-Presse
postado em 08/01/2011 18:12
WASHINGTON - O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Alan Greenspan, teme uma crise da dívida se a classe política não agir rapidamente para reduzir o endividamento do país, em uma entrevista publicada neste sábado pelo The Wall Street Journal."A probabilidade de que passemos os próximos dois ou três anos sem problemas no mercado de bônus e sem inflação situa-se provavelmente acima de 50%, mas não por muito tempo", disse Greenspan durante a entrevista realizada na sexta-feira.
Greenspan, que dirigiu o Fed por quase 20 anos até 2006, estimou que o Congresso terminará por aprovar o orçamento levando em conta uma série de propostas apresentadas em dezembro por uma comissão a pedido da Casa Branca.
"Acredito que o orçamento que foi proposto por Alan Simpson e Erskine Bowles é o tipo de orçamento que o Congresso aprovará", afirmou. "A única pergunta é se será antes ou depois de uma crise no mercado de bônus", acrescentou.
A Comissão Nacional para a Responsabilidade Fiscal e Reforma Orçamentária, liderada pelo ex-senador republicano Alan Simpson, de Wyoming, e pelo democrata Erskine Bowles, ex-chefe de gabinete de Bill Clinton, inclui legisladores de ambos os partidos e economistas.
A entidade já recomentou algumas medidas muito polêmicas, sobretudo para a esquerda, como os cortes no orçamento da Segurança Social e em programas de seguro saúde federais, assim como a eliminação de 200 mil empregos no setor público.
O plano da comissão recomenda um aumento de 15 centavos de dólar por galão (3,78 litros) de um imposto à gasolina. Também propõe eliminar os benefícios fiscais para as empresas e impor um teto aos gastos militares, medidas que podem irritar a direita.
A comissão aponta um déficit de 2,3% do PIB em 2015, contra 8,9% para o ano fiscal 2010, que terminou no fim de setembro. Acredita que suas propostas podem reduzir a dívida a 40% do PIB americano em 2035, contra os 90% atuais.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, solicitou na quinta-feira ao Congresso que eleve o teto da dívida pública, dando o sinal para o início de uma nova batalha política sobre o enorme déficit fiscal do país.
O Congresso havia projetado o teto da dívida em 14,29 bilhões de dólares em fevereiro de 2010. Atualmente, a dívida encontra-se em 13,95 bilhões de dólares, podendo chegar ao limite atual "tão rápido quanto dia 31 de março", segundo Geithner.