postado em 11/01/2011 08:40
Diante da crescente pressão do mercado e de outros países para quePortugal procure ajuda internacional em breve, o Banco Central Europeu (BCE) ofereceu ao país um alívio temporário ontem por meio da compra de títulos da dívida portuguesa. Com isso, a taxa de juros paga pelos papéis caíram, após terem subido fortemente na semana passada.;O BCE comprou títulos de cinco e 10 anos de Portugal, não importando o que as pessoas estejam oferecendo;, disse um operador. A instituição também teria arrematado bônus gregos e irlandeses. Fontes da Zona do Euro disseram que o BCE ainda não comprou dívidas da Espanha.
No total, o Banco Central Europeu já adquiriu quase 74 bilhões de euros (US$ 95,53 bilhões) nos conturbados mercados de dívida da Zona do Euro, desde que começou a intervir para acalmar os investidores, em maio último.
Mas aquisições do BCE ofereceram apenas um alívio de curto prazo às pressões do mercado. Uma fonte da Zona do Euro disse que Lisboa precisará de uma quantia entre 50 bilhões de euros e 100 bilhões de euros (US$ 64,5 bilhões e US$ 129,1 bilhões, respectivamente) em empréstimos.
Tais valores são similares ao obtido pela Irlanda, que aceitou em dezembro um pacote de resgate equivalente a 80 bilhões de euros da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), depois que a crise bancária causada pelo estouro da bolha no mercado imobiliário impôs ao país grandes perdas.
Pacote
Uma fonte com trânsito entre os governos da Zona do Euro disse no domingo à agência Reuters que Alemanha, França e outros países da região estão pressionando para que Portugal peça um programa de assistência da UE e do FMI, após Grécia e Irlanda terem feito o mesmo, para evitar o contágio à Espanha, quarta maior economia da Zona do Euro.
Mas as autoridades negaram ontem a informação. ;Não há discussão nesse ponto e não é considerada neste momento tal possibilidade, seja para Portugal ou para qualquer outro país-membro;, disse o porta-voz da União Europeia, Amadeu Altafaj, em briefing com a imprensa.
O ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, negou que Berlim esteja pressionando alguma nação para que solicite ajuda, mas disse que está defendendo o euro. Uma autoridade do governo francês também classificou como absurdo dizer que Paris e Berlim estão pressionando Lisboa.
Competitividade
Mas economistas e analistas do mercado veem apenas como uma questão de tempo antes que Portugal ; que apresenta elevado deficit e uma economia estagnada que perdeu competitividade desde a adesão à Zona do Euro ; tenha de procurar ajuda. ;Se os spreads no mercado continuarem subindo, Portugal terá pouca chance de escapar de um resgate;, disse Laurence Boone, diretor de pesquisa do Barclays Capital, em Paris.
Jean-Claude Trichet, porta-voz dos presidentes dos principais bancos centrais do mundo na sede do Banco de Pagamentos Internacionais (BRI) na Basileia (Suíça), mostrou preocupações com a situação fiscal dos países da região. ;Uma política orçamentária saudável é muito importante para consolidar a saúde da economia mundial;, precisou Trichet.