Economia

Com nível maior de escolaridade, filhos da classe C têm empregos melhores

postado em 12/01/2011 08:30
A forte mobilidade social no Brasil está provocando mudanças profundas no perfil dos jovens trabalhadores da classe C ; a que mais cresce no país. Com nível de escolaridade superior ao dos pais, têm se colocado no mercado por meio de profissões menos tradicionais e que pagam salários melhores. É o que mostra estudo elaborado pelo instituto Data Popular. Enquanto a moçada de 18 a 25 exerce funções como a de atendente em telemarketing e operadores de caixa, os mais velhos, de 45 a 65 anos, trabalham, majoritariamente, como pedreiros, cozinheiros e domésticos, empregos que exigem menos qualificação.

Trabalhadores de 18 a 25 anos da nova classe média faturam, por ano, R$ 96,6 bilhões. Eles querem consumir de tudo, de roupas a carro, e têm papel relevante na decisão de compra;O jovem mais escolarizado tem condições de se manter em empregos que oferecem salários melhores. Cada ano de estudo até o ensino superior significa 15% a mais de rendimentos;, disse Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular. Ele ressaltou que, pela pesquisa, apenas 26% da atual geração de pais de classe C concluíram o ensino fundamental, contra 65% dos filhos. Entre a população enquadrada na classe A, o índice de pais que tem o ensino médio completo chega a 71% e dos filhos, a 74%.

Na avaliação de Meirelles, o levantamento do Data Popular reforça o argumento de que a nova classe média veio para ficar, reflexo da redução das desigualdades e da melhor distribuição do crescimento econômico ; em 2010, o Brasil deu o maior salto em quase um quarto de século, entre 7,5% e 8%. ;Não à toa, as empresas estão mudando toda a forma de atuação para conquistar a nova clientela, ávida para consumir;, destacou.

A pesquisa, feita a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta ainda que os jovens das classes C e D somam 19,5 milhões de trabalhadores, 84% do total de empregados com idade entre 16 a 25 anos no país. Detentores de uma renda total de R$ 96,6 bilhões ; mais que o dobro das classes A e B ;, o papel deles nas decisões de compra das famílias ganhou mais relevância do que nunca. Com a renda maior que a dos pais, contribuem, em média, com 50% do orçamento familiar, contra apenas 10% dos jovens da classe A. ;Se conquistado agora, esse público se tornará cliente fiel pelos próximos 30 anos;, comenta Meirelles.

Os dados do Data Popular comprovam também que, na classe C, 76% dos jovens trabalham. Nas classes A e B, o índice cai para 72%. Além disso, os novos emergentes se mostram com maior independência financeira: somente 16% recebem algum tipo de ajuda mensal dos pais. Para os representantes das classes A e B da mesma faixa etária, a mesada chega a 25% jovens dos casos.

De olho nesta realidade, o Data Popular, destaca que o poder de compra dos jovens emergentes favorece a exploração, por parte das empresas, de segmentos como alimentação e vestuário. A indústria automobilística também tem boas oportunidades de negócio entre os jovens da classe C. Cerca de 4,8 milhões deles dizem estar interessados em adquirir um veículo e 4,5 milhões em comprar uma motocicleta.

Outra pesquisa, desenvolvida pela consultoria Plano CDE, revela que, em 10 anos, as famílias da classe C representarão 41% dos lares brasileiros. ;Essa classe sustentará o crescimento do consumo no país;, observa Luciana Aguiar, antropóloga e sócia diretora da Plano CDE. Luciana destaca que, entre 2002 e 2008, a participação da classe C na população saltou de 28% para 34%, e deve continuar crescendo nos próximos anos. ;É possível observar o movimento de aproximação do comportamento desse consumidor brasileiro ao padrão típico de países desenvolvidos;, avaliou. A Plano CDE calcula ainda que as classes D e E representarão 39% das famílias brasileiras em 2020.

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