Economia

Indústria brasileira amarga estagnação na oferta de vagas de trabalho

postado em 13/01/2011 20:15
Enquanto o governo enfrenta dificuldades para conter a valorização do real frente ao dólar, a indústria brasileira amarga uma estagnação na oferta de vagas de trabalho. Sacrificadas pela invasão de artigos importados no país, as fábricas, pelo quarto mês seguido, não conseguiram alavancar a produção e a venda de seus produtos e, consequentemente, não acompanharam os outros setores da economia no crescimento da oferta de postos de trabalho.

Segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria não contratou entre outubro e novembro. A taxa de emprego industrial ficou nula, depois de ter ficar estável nos três meses anteriores (0,1% em agosto, -0,1% em setembro e 0% em outubro). Em relação a novembro do ano passado, a expansão foi de 3%.

A parada reflete o excesso de estoques nas indústrias, que chegaram ao pico de produção em março do ano passado. Depois disso, atingidas pelo fim da redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) para automóveis e eletrodomésticos da linha branca (geladeira, fogões e máquinas de lavar) e pelo aumento na inflação, elas não conseguiram vender os itens e manter o ritmo de avanço. "Alguns setores sofrem mais. Os Estados Unidos e a Europa estão com estoques do setor siderúrgico parados e, como não escoam a mercadoria internamente, exportam para o Brasil, o que prejudica ainda mais o país", explicou o pesquisador do IBGE Fernando Abritta.

Em 2011, disse ele, os resultados vão depender tanto do cenário internacional quanto da política monetária brasileira. Além das as recentes medidas de aperto das condições de crédito anunciadas pelo Banco Central, que podem prejudicar as vendas, há a possibilidade de um novo ciclo de elevação da taxa básica de juros (Selic, hoje em 10,75%). "No ano passado, o próprio endividamento das pessoas, devido ao crédito fácil, desaqueceu a indústria. Nos próximos meses, vamos acompanhar os investimentos e ações do governo", disse Abritta.

O diretor-executivo do Ibmec em Brasília, Pedro Paulo Carbone, observou que as fábricas contrataram no primeiro semestre do ano passado para se preparar para as demandas do ano todo. Por isso, não abriram mais vagas. "Quando você analisa os números do ano todo, vê que a indústria está em ótima situação. O que ocorre agora é apenas circunstancial", avaliou Carbone.

Em relação a novembro de 2009, os setores que mais contribuíram para a oferta de vagas foram os de máquinas e equipamentos (9,8%), meios de transporte (9,1%), produtos de metal (9,3%), borracha e plástico (9%) e máquinas, aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (8,7%). Por outro lado, os ramos de papel e gráfica (-7,5%), refino de petróleo e produção de álcool (-11,5%) e vestuário (-3,2%) exerceram os principais impactos negativos.

O estudo do IBGE revelou que o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria caiu 1,3% em novembro em relação a outubro, após ter crescido por dois meses seguidos (0,4% em outubro e 1,4% em setembro). Em comparação com novembro de 2009, a folha apresentou expansão de 7,4%. "Esse fator é mais volátil e sofre influência, por exemplo, do pagamento de lucros e resultados. Muitas empresas não fazem o depósito no mesmo mês", observou o pesquisador. O número de horas pagas, por sua vez, cresceu 0,3% em novembro frente ao mês anterior, após dois meses consecutivos de queda.

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