O Instituto Rio Branco lançou ontem edital com 26 vagas para a carreira de diplomata, que exige curso superior em qualquer área de conhecimento. Com salário inicial de R$ 12.962,12, a seleção traz uma novidade polêmica: pela primeira vez, valerá a política de cotas para negros do Itamaraty. Candidatos que se declararem afrodescendentes terão reservadas, somente na primeira fase do concurso, 30 vagas ; eles serão convocados além dos 300 aprovados nessa etapa.
Organizado pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB), o certame receberá inscrições entre 24 de janeiro e 22 de fevereiro. Os interessados poderão se cadastrar por meio da página na internet www.cespe.unb.br/concursos/diplomacia2011. Do total de oportunidades, duas ainda constituem a cota reservada aos portadores de deficiência.
A carreira de diplomata tem atraído cada vez mais jovens interessados em uma vida dinâmica, de viagens ao exterior e contato diário com culturas diferentes. Desta vez, porém, a concorrência será mais acirrada, pois o número de chances é bem inferior à média de 107 aprovados nos últimos 5 concursos realizados pelo Rio Branco. No ano passado, 8.869 pessoas se candidataram a 108 oportunidades, uma média de 82,12 candidatos por vaga.
Ingressar na carreira não é tarefa fácil. Os candidatos passam por quatro etapas de seleção. A primeira é a prova objetiva, com questões de português, história do Brasil, história mundial, geografia, política internacional, inglês, noções de economia e de direito, e direito internacional público. Na segunda fase, eles fazem uma avaliação escrita de português. Na terceira, voltam a responder a questões da primeira. O quarto estágio, por sua vez, inclui provas escritas de espanhol e francês. A primeira prova está marcada para 10 de abril.
Bolsa Prêmio
A portaria que garantiu a reserva aos afrodescendentes foi assinada em dezembro. Para o Itamaraty, a medida está ;em consonância; com o previsto pelo Estatuto da Igualdade Racial, sancionado em julho do ano passado pelo então presidente Lula, depois de tramitar por 10 anos no Congresso Nacional. Até então, o programa de ação afirmativa no ministério limitava-se à chamada ;Bolsa Prêmio de Vocação para a Diplomacia;, lançada em março de 2002, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso.
De lá para cá, 309 benefícios de R$ 25 mil anuais foram concedidos a 198 bolsistas para o pagamento de cursos preparatórios ou a professores particulares, para compra de livros e material de estudo. Do total de contemplados pelo projeto, 16 foram aprovados no concurso.