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Geórgea Choucair
O carnaval deste ano é de muito samba para as agências de viagens. A venda de pacotes deve crescer entre 20% e 30% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav). O aumento de renda da população, o dólar estável e o parcelamento de passagens aéreas em até 36 vezes vão ajudar a alavancar a folia do segmento de turismo. Há ainda um novo público nos assentos das aeronaves que engorda as vendas das agências de viagens: as classes C e D, que estreiam cada vez mais nos voos das companhias aéreas e nos pacotes de viagem. Porto Seguro, Arraial D;ajuda e Ilhéus (BA) são os destinos preferidos por esse público.
;Esperamos que nossa venda aumente entre 20% e 30% no carnaval deste ano, sendo que 12% do crescimento vai ser atribuído às classes C e D;, afirma Francis Pereira, gerente geral da CVC em Minas. A operadora de turismo, segundo Francis, busca estar cada vez mais perto desse público. Tanto é que a CVC acaba de abrir uma unidade no shopping popular Uai, no Centro de Belo Horizonte, além de lojas no Uai do Céu Azul, Shopping Betim e Centro de Contagem. ;Geralmente, esses consumidores fazem as compras em até 10 vezes sem juros com pagamento em boleto bancário;, diz Francis.
Para aproximar da linguagem das classes de baixa renda, as empresas aéreas investem em cartilha de viagem e em estandes em lojas de departamento. A Gol se prepara para inovar a sua cartilha de viagem aos passageiros, que descreve o bê-á-bá de todo o processo do voo. A cartilha traz dicas desde produtos úteis para bagagem de mão com um vocabulário detalhado de vários procedimentos da viagem, como ;conexão;, ;escala;, ;embarque;, ;lista de espera;, ;localizador; e ;turbulência;.
Em dez anos, a Gol transportou 160,5 milhões de passageiros, sendo que mais de 13 milhões foram marinheiros de primeira viagem, que estrearam nas aeronaves. ;Antes só as classes A e B voavam de avião. As classes C e D estão ajudando a aumentar as vendas do carnaval;, afirma Antônio da Matta, diretor da Abav. Na Acta Turismo, o público das classes C e D também ajudou no aumento da demanda para a folia deste ano. ;Eles não eram nosso público padrão. Agora, fazemos treinamento para lidar com eles. É bem diferente. Muitas vezes temos que ensinar até a fazer as malas;, afirma Manoela Bueno, gerente da Acta Turismo.
O presidente da Azul Linhas Aéreas, Pedro Janot, afirma que o atual desafio do setor da aviação civil é encontrar canais de comunicação adequados para capturar novos clientes ; incluindo a chamada nova classe média, que está descobrindo que o transporte aéreo também está acessível a ela. Para ter certeza de que estará presente onde seu público está, a Azul aposta atualmente em múltiplos canais de venda, como internet, lan houses, supermercados e parcerias com terceiros, como a rede Magazine Luiza.
Linguagem diferente
O diretor de marketing e vendas da Trip Linhas Aéreas, Evaristo Mascarenhas de Paula, afirma que um dos grandes desafios das companhias aéreas é tentar mostrar para as classes C e D que a viagem de avião não é um procedimento complexo. ;A rodoviária faz parte do cotidiano desse público. Já o aeroporto não. Esses consumidores muitas vezes não sabem nem o que é check-in. Temos tentado explicar melhor para eles sobre esses procedimentos e as agências de viagens têm dado um foco especial às classes C e D;, afirma Mascarenhas.
Em Montes Claros, a agência Guaicuí Turismo montou pacotes de viagens específicos para as classes de baixa renda. Toda terça-feira sai um ônibus para Porto Seguro, com pacotes de uma semana na cidade baiana. O preço do rodoviário é de R$ 960 e o de avião R$ 1,3 mil. ;Os preços dos pacotes estão convidativos. Além disso, a melhoria de renda faz com que esses passageiros viagem mais. O meu ônibus sai com 46 lugares lotados toda semana;, afirma Carlos Correa, sócio diretor da Guaicuí.