Agência France-Presse
postado em 19/01/2011 18:47
O presidente Barack Obama aproveitou a coletiva conjunta de imprensa com seu colega chinês, Hu Jintao, em visita histórica a Washington, para afirmar que a moeda chinesa (iuane) permanece subvalorizada e que maiores ajustes são necessários, embora tenha saudado a "crescente flexibilidade" de Pequim."Eu disse ao presidente Hu que saudamos a crescente flexibilidade da China sobre a divisa", declarou Obama, durante a entrevista na Casa Branca, acrescentando, no entanto, que o iuane "permanece subvalorizado e que há a necessidade de maiores ajustes".
"Continuaremos esperando que o valor da divisa da China seja crescentemente dirigido pelo mercado para assegurar que nenhuma nação tenha uma vantagem econômica indevida", acrescentou Obama.
Os Estados Unidos reclamam há algum tempo que o iuane é artificialmente subvalorizado para estimular as exportações chinesas, ao custo do crescimento e dos empregos americanos.
No começo do mês, antes da visita histórica do presidente chinês aos Estados Unidos, o Banco Central da China prometeu aumentar a flexibilidade da taxa de câmbio do iuane.
Em outro momento da coletiva conjunta, Obama disse que Washington e Pequim querem que a Coreia do Norte evite "futuras provocações".
"Saudamos uma redução da tensão na península coreana e pedimos à Coreia do Norte que evite futuras provações", disse Obama durante entrevista coletiva conjunta com o colega chinês.
"Estamos de acordo em dizer que acreditamos que o objetivo primordial deve ser o desarmamento nuclear total da península" coreana, declarou o presidente americano.
A China é considerada a única potência com influência sobre o regime norte-coreano, que no fim de novembro bombardeou uma ilha na Coreia do Sul.
Obama também pediu a Jintao que Pequim dialogue com o líder espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama.
"Como os Estados Unidos reconhecem o Tibete como parte da República Popular da China, os Estados Unidos sugerem o diálogo entre a China e o Dalai Lama para resolver diferenças na preservação da identidade religiosa do povo tibetano", disse Obama.
A China iniciou conversações com representantes do Dalai Lama, que deixou sua terra natal em 1959, após um fracassado levante popular antichinês, mas o diálogo tem sido visto com ceticismo no Ocidente.
Pequim tem tentado isolar o Dalai Lama, ganhador do Nobel da Paz, e reagiu furiosamente no ano passado quando Obama recebeu o monge budista na Casa Branca.
Antes da coletiva, ao receber o colega chinês na Casa Branca, Obama tocou em outro tema espinhoso entre os dois países, ao pedir a Hu que apoie os direitos humanos em seu país, afirmando que isto pode se tornar uma chave para o sucesso futuro da China.
"Os Estados Unidos saúdam a ascensão da China como um membro forte, próspero e bem sucedido da comunidade de nações", disse o presidente americano.
Mas, no que diz respeito aos direitos humanos, acrescentou: "a história mostra que sociedades são mais harmoniosas, nações são mais bem sucedidas e o mundo é mais justo quando os direitos e responsabilidades de todas as nações e todas as pessoas são respeitados, inclusive os direitos universais de todos os seres humanos".
Durante a entrevista, o presidente americano reconheceu que Pequim e Washington têm opiniões diferentes no campo das liberdades e dos direitos humanos.
"A China tem um sistema político diferente do nosso. A China está em um estágio de desenvolvimento diferente do nosso", afirmou. "Viemos de culturas muito diferentes e com histórias muito diferentes", emendou.
Ele acrescentou que tem sido "muito sincero" com Hu durante suas conversas sobre questões como liberdade de discurso, religião e reunião, admitindo "ocasionalmente são uma fonte de tensão entre os nossos governos".
Ao receber Hu, Obama afirmou que a visita do presidente chinês estabelecerá as bases para os próximos 30 anos de cooperação bilateral.
"Fazemos uma enorme aposta no sucesso do outro. Em um mundo interconectado, em uma economia global, as nações, incluindo a nossa, serão mais próspera e mais seguras se trabalharmos de forma conjunta", acrescentou.
Hu Jintao, por sua vez, afirmou que desde que Obama assumiu o poder nos Estados Unidos, "nossa cooperação em vários terrenos tiveram frutíferos resultados e nossas relações conseguiram novos progressos".