Economia

Banco do Brasil deve reduzir crédito ao consumo

Rosana Hessel
postado em 21/01/2011 08:26
O ano mal começou e o Banco do Brasil (BB) já revisou para baixo as projeções de crescimento da carteira de crédito ao consumidor. Devido às mudanças nas regras de financiamento lançadas pelo governo desde o fim de 2010, o que encurtou prazos e encareceu a tomada de empréstimos, a instituição financeira ajustou de 25% para 22% o salto previsto para 2011 na oferta de recursos a pessoas físicas. O aumento na taxa básica de juros (Selic) de 10,75% para 11,25% ao ano ; anunciado na quarta-feira pelo Banco Central ; também deixará o repasse bancário mais salgado.

Em sua primeira entrevista após ser confirmado no cargo pela presidente Dilma Rousseff, o presidente do BB, Aldemir Bendine, disse ontem que já houve um aumento do spread médio (a diferença entre o custo de captação pelo banco e a taxa cobrada dos clientes pelo empréstimo). ;Agora, estamos fazendo os cálculos da alta nas taxas de juros, mas isso é inevitável em todas as instituições financeiras;, afirmou. Apesar disso, as linhas de crédito para investimentos, voltadas à pequena, média e grande empresa, deverão crescer acima das expectativas devido ao grande número de projetos em infraestrutura, comentou o executivo.

Bendine explicou que houve um descolamento entre as duas carteiras. Segundo ele, o BB manteve uma estimativa de alta média de 17% a 20% neste ano para todas as linhas de crédito. No caso dos financiamentos para a pessoa jurídica ; que deveriam ficar dentro dessa projeção ;, a expectativa de incremento é de 25%. ;Há um grande volume de projetos de infraestrutura em andamento, especialmente impulsionados por dois eventos específicos: o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o pré-sal;, afirmou. Estão em análise pela instituição um total de R$ 65 bilhões em financiamentos para novos projetos em infraestrutura.

Novas aquisições no Brasil estão descartadas pelo BB, mas Bendine advertiu que se o Governo do Distrito Federal (GDF) quiser retomar as conversas envolvendo a transferência do Banco de Brasília (BRB) as negociações poderão ser retomadas. ;Encerramos o acordo de confidencialidade em meados do ano passado. Não houve entendimento quanto a preço e a uma série de situações. Mas, se o GDF tiver vontade de reabrir a negociação, podemos voltar a discutir sobre os nossos parâmetros;, afirmou. ;Uma expansão sempre interessa. Se for uma boa oportunidade de negociar, não tenha dúvidas de que iremos negociar;, resumiu.

Cartões

Outro segmento em que o BB pretende investir para ampliar o acesso bancário do brasileiro é o de cartões, ressaltou Bendine. No ano passado, a instituição estatal, o Bradesco e a Caixa Econômica Federal criaram a bandeira Elo, voltada para as classes C, D e E, que está pré-operacional e deverá atuar em plena atividade no mercado até o fim do primeiro trimestre de 2011. A ampliação da rede de atendimento do BB, que hoje possui 5.058 agências, também está no radar. O investimento previsto neste ano é de R$ 1 bilhão. Serão criadas mais 600 agências e mil pontos de atendimento eletrônico.

Dessas novas agências, 250 serão construídas no modelo tradicional de agência, das quais 100 serão Estilo, voltadas para clientes preferenciais. Grande parte delas serão na Região Sudeste, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde o banco perde para os concorrentes privados, principalmente no varejo. Outras 250 serão complementares ; modelo-piloto desenvolvido pela entidade onde há um gerente e, no mínimo, mais um funcionário com o correspondente bancário ; direcionadas aos municípios de menor contingente populacional. As 100 agências restantes serão criadas na modalidade de postos de atendimento bancário. ;A meta do banco é ter uma agência bancária em 100% dos municípios até 2015;, disse o executivo.

Apetite

O Banco do Brasil pretende participar de, pelo menos, R$ 20 bilhões dos R$ 65 bilhões dos projetos de investimentos que estão em análise pela instituição. De acordo com o presidente da instituição financeira, Aldemir Bendine, um dos motivos é o aumento do potencial de desembolso do banco. Entre setembro de 2009 e setembro de 2010, houve um crescimento líquido de R$ 8 bilhões no volume de estoque na carteira do BB, para R$ 30,2 bilhões.


Rumo ao exterior


Uma das frentes prioritárias de ataque do Banco do Brasil será no exterior a médio e longo prazos. A expansão se justifica porque a participação dos negócios lá fora ainda é muito pequena. O presidente do BB, Aldemir Bendine, espera anunciar a compra de um banco na costa leste dos Estados Unidos até o fim de março deste ano. ;Começamos analisando 17 bancos norte-americanos e agora negociamos com três instituições de pequeno porte. Estamos muito próximos de fechar a compra;, disse. A escolha levará em conta preço e localização. ;Queremos entrar em um estado onde haja bastantes brasileiros e o maior número de empresas brasileiras instaladas;, afirmou Bendine.

Além dos EUA, o BB também quer fincar bandeira na África. Nos próximos 60 dias, serão concretizadas as negociações para uma atuação conjunta com o Banco Bradesco nas operações do português Banco Espírito Santo (BES) no continente africano. Segundo ele, a parceria deverá começar em Angola e Cabo Verde. ;A África vem crescendo muito. As empresas brasileiras estão com presença cada vez mais maciça naquele continente, há muitos brasileiros lá e o fluxo de comércio exterior aumenta de forma expressiva;, justificou.

O BB também está de olho nos países vizinhos. ;Estamos com alguns alvos na América Latina em análise;, afirmou Bendine. (RH)

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