Rosana Hessel
postado em 22/01/2011 09:16
A Petrobras vai concretizar, na próxima quarta-feira, a emissão de US$ 6 bilhões de títulos no mercado internacional por meio da emissão de bônus globais com vencimentos em 5, 10 e 30 anos. A companhia informou que pretende incorporar esses novos recursos ao plano estratégico de investimentos, que prevê US$ 224 bilhões em desembolsos até 2014.A operação será composta por três etapas. Inicialmente, a estatal espera captar US$ 2,5 bilhões por meio da emissão de títulos que vencerão em 2016 e que terão taxa de retorno ao investidor de 3,95%. Em seguida, será lançado o mesmo valor em papéis a vencer em 27 de janeiro de 2011 e com rendimento de 5,4%. Já na terceira e última fase, serão captados US$ 1 bilhão em bônus com retorno de 6,8%, com vencimento para 27 de janeiro de 2041. Os papéis serão emitidos pela Petrobras International Finance Company (Pifco), subsidiária sediada em Nova York.
A condução do processo foi feita por um pool de bancos que irá comercializar os papéis com os seus investidores em Nova York. BTG Pactual, Citigroup, HSBC Securities, Itaú BBA USA Securities, JP Morgan Securities e Santander Securities foram os coordenadores líderes da operação, que também teve a participação do Credit Agricole Securities e do Mistubishi UFJ Securities.
Estratégia
Esse foi o primeiro processo de captação de recursos da Petrobras em 2011. No ano passado, a estatal reduziu o endividamento por meio de uma megaoperação de capitalização, pulverizando as ações da empresa no mercado e ampliando a participação do governo em seu controle. Com a operação, na qual a União comprou ações da estatal pelo valor de US$ 42,5 bilhões e pagou com 5 bilhões de barris de petróleo da camada pré-sal ainda não explorados.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, reconheceu que toda a capitalização rendeu efetivamente menos da metade do valor anunciado para a empresa, já sinalizando a necessidade de a petrolífera voltar ao mercado, para poder cumprir o plano de investimentos de quase US$ 45 bilhões anuais. ;Com a capitalização, a Petrobras conseguiu levantar cerca de US$ 70 bilhões, dos quais US$ 27,5 bilhões ficaram no caixa da companhia, depois que pagamos pelo direito de produzir os barris de petróleo cedidos pela União;, avaliou o executivo, em dezembro.
Ainda segundo Gabrielli, foi feita uma restruturação da companhia, ao mesmo tempo em que foi consolidada uma política de endividamento. ;Conseguimos captar como dívida, além dos US$ 70 bilhões da capitalização, mais US$ 16 bilhões durante o ano de 2010, que foi um ano de muito sucesso financeiro.;
No início deste mês, Gabrielli informou que a estatal precisará levantar de US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões nos próximos 5 anos, se preço do barril de petróleo continuar cotado por volta de US$ 80. A emissão desses títulos na próxima semana faz parte dessa estratégia de captação de recursos. O nível de endividamento atual da companhia caiu para 18% após a capitalização.
BC intervém de novo
Gabriel Caprioli
Vera Batista
O esforço do Banco Central em conter a supervalorização do real mais uma vez teve resultado modesto. O segundo leilão de swap cambial reverso ; operações no mercado futuro de câmbio nas quais o BC aposta na alta do dólar e os investidores no avanço dos juros ;, realizado ontem, fez a moeda norte-americana encerrar o dia com alta de 0,05%, cotada a R$ 1,673. Mas não evitou a queda de 0,72% na semana. A negociação dos 20 mil contratos equivaleu à compra futura de US$ 989,49 milhões.
A instituição já anunciou o terceiro leilão para segunda-feira. Nele, serão ofertados mais 20 mil contratos semelhantes aos de ontem, no total de US$ 1 bilhão. ;A operação de ontem comprova apenas o que todos já sabiam: o preço do dólar é definido lá fora. Se o governo quer defender os exportadores, que aumente a competitividade, faça as reformas tributária e trabalhista;, avaliou Cristiano Souza, economista do Banco Santander.
No mercado acionário, o fraco desempenho das ações da Petrobras e da Vale levou a Bolsa de Valores de São Paulo (BM) a fechar em queda de 0,62%, em direção contrária à Bolsa de Nova York, que concluiu o pregão com alta de 0,41%. No Brasil, o dia de negociações também foi marcado por boatos de que o Banco BMG estaria interessado em comprar parte do PanAmericano. Por meio da assessoria de imprensa, o BMG afirmou que ;não comenta especulações de mercado;.