Economia

Marcas de cervejas mundialmente conhecidas apostam no mercado brasileiro

postado em 23/01/2011 09:48
O verão mal desembarcou no Hemisfério Sul e, mais do que sol e calor, promete trazer o recrudescimento de uma acirrada batalha entre as maiores marcas de cerveja do país pela preferência dos consumidores. As empresas envolvidas reconhecem que o embate será duro e se preparam para avançar em um mercado que movimentou, somente em 2010, R$ 56,7 bilhões.

A Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), uma das protagonistas e detentora de cerca de 70% do mercado nacional, não revela números para 2011, em função de restrições impostas às companhias de capital aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Entretanto, pretende manter uma estratégia de investimentos que, segundo o gerente de Comunicação Externa da empresa, Alexandre Loures, tem se mostrado bem-sucedida. "É a lógica da produtividade, fazendo mais com menos. Cortamos rigorosamente os custos e mantivemos a disciplina de forma que essa economia de recursos seja toda revertida para mais investimentos em capacidade produtiva", revela.A holandesa Heineken comprou parte da Femsa e quer aumentar a participação no segmento doméstico

Em 2010, até setembro, segundo o último balanço disponível, a Ambev investiu cerca de R$ 2 bilhões na produção e fabricou 5,9 bilhões de litros de cerveja. Loures avalia que a combinação entre o clima quente e mais renda disponível no bolso dos brasileiros permite manter a estratégia desenvolvida até agora.

Planos

A companhia, no entanto, terá que enfrentar outra gigante do mercado cervejeiro, que chegou ao Brasil no início do ano. Com a compra de parte da Femsa (fabricante da Kaiser, Sol e Bavária), a Heineken Brasil desembarcou no país com planos ambiciosos. A gerente de Comunicação Externa da empresa, Renata Zveibel, afirma que a meta é aumentar a fatia de 9,1% do mercado. "A expectativa é ser a fabricante líder de cerveja em cada um dos mercados em que opera e ter o portfólio de marcas mais conhecido no mundo", diz. A Heineken não revela quanto movimentou no ano passado - o grupo comercializou 16,5 bilhões de litros em mais de 70 países em 2009.No contra-ataque, a Ambev vai lançar a norte-americana Budweiser no país

O contra-ataque da Ambev virá com o lançamento da Budweiser, fabricada no Brasil. "Está nos nossos planos, mas ainda não definimos qual será o posicionamento da marca ou para qual faixa de público ela se voltará", despista Loures. O executivo garante que o lançamento da cerveja norte-americana no Brasil não está relacionado à chegada da holandesa Heineken. Segundo ele, o negócio já estava nos projetos da Ambev desde 2004, quando a companhia brasileira fundiu-se à belga Interbrew, criando a Inbev.

Paris Hilton
Alexandre Loures dá uma ideia de como será a disputa por fatias do mercado. "A gente acha, sim, que vai ser uma boa briga. A Heineken é uma empresa grande. Vai nos desafiar. O mercado, que já é acirrado, vai ficar ainda mais apertado, com uma forte concorrência entre os participantes", aposta.

No meio da briga das gigantes, ficam as cervejarias menores, como a Schincariol, lutando para se manter no mercado. A companhia ainda não conseguiu fazer a marca se firmar, apesar das ações de marketing, como a vinda da socialite norte-americana Paris Hilton. Ela vai promover a Devassa Bem Loura no carnaval brasileiro. Em 2010, primeiro ano de vendas, a bebida conseguiu participação de apenas 0,2% (percentual ainda estimado) no mercado, quando o esperado era 1,5%.

Além do lançamento de novos produtos e embalagens - como a Heineken Touch (que tem lata texturizada) e a própria Budweiser -, Ambev e Heineken apostam em ações paralelas, como o patrocínio de eventos. Outro ponto explorado é a ascensão econômica das classes C e D, que cria um novo público potencial. "O que percebemos é que a cerveja passa, em alguns casos, a ser uma opção aos destilados mais baratos. O produto está entrando na cesta de consumo desse público", avalia Loures.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação