Economia

Identidades visuais do BB, da Petrobras e outros somam quase R$ 37 bilhões

Valor representa pouco mais que o PIB do Paraguai

Rosana Hessel
postado em 23/01/2011 11:38
Em um mercado competitivo, o valor da marca faz toda a diferença. Se bem aproveitada, a identidade visual da companhia pode ampliar a margem de lucro e garantir visibilidade. No Brasil, porém, essa estratégia ainda é pouco utilizada, especialmente entre as empresas públicas ou com forte participação estatal. Há quem diga que isso acontece porque essas gigantes de alma burocrática dominam os segmentos onde atuam.
Caixa: imagem registrou valorização de 74% entre 2008 e 2009
Uma pequena parcela dessas corporações, no entanto, figura entre as mais valiosas do país. E o peso delas vem aumentando substancialmente ano a ano. As seis mais bem avaliadas ; Banco do Brasil, Petrobras, Caixa, Correios, Eletrobras e BNDES ;, juntas, somam quase R$ 37 bilhões, de acordo com dados da consultoria britânica BrandFinance. Se convertido ao câmbio atual, o montante gira em torno de US$ 22,1 bilhões e supera o Produto Interno Bruto (PIB) ; soma de tudo o que é produzido por um país ; do Paraguai, de US$ 17,17 bilhões.

A marca Banco do Brasil, por exemplo, é a mais valiosa entre as estatais: R$ 11,6 bilhões. A instituição financeira está em terceiro lugar no ranking nacional, liderado pelo Itaú e pelo Bradesco. Há cinco anos, valia praticamente a metade disso. Outro banco centenário, a Caixa, viu sua marca saltar 74% entre 2008 e 2009, alcançando R$ 7,051 bilhões. ;A política do governo Lula de fortalecer estatais, valorizou Petrobras, Banco do Brasil e Caixa;, explica o empresário Julio Moreira, sócio da consultoria Topbrands, especializada em gestão de marcas. O analista lembra que as três companhias lideram a lista marcas das mais lembradas há vários anos.

O presidente do Grupo Troiano de Branding, Jaime Troiano, um dos maiores especialistas no Brasil em gestão de imagem, diz que o Banco do Brasil é a empresa pública de melhor reputação no país, seguida de perto pela Petrobras. Uma boa imagem, completa Troiano, é conquistada por meio de vários atributos, como o compromisso social, a prestação de um serviço de boa qualidade e compromisso ético. ;O bom desempenho financeiro de uma empresa está diretamente relacionado à sua imagem no mercado;, justifica o executivo, acrescentando que as companhias públicas são grandes telhados de vidro, sempre vulneráveis às oscilações de credibilidade em função das interferências políticas. ;O fato de o BB e a Petrobras conseguirem ficar entre os líderes desses rankings é admirável. As estatais são muito mais difíceis de administrar do que uma empresa privada;, adverte Troiano.

Preços
O preço de uma marca é intangível. O cálculo é sempre aproximado e complexo de ser feito, quando se compara, por exemplo, à conta realizada para medir o valor de mercado de uma firma de capital aberto. Uma série de variáveis são consideradas na avaliação e a metodologia utilizada é diferente de uma avaliadora para outra, informa o professor de gestão de marcas da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Marcos Machado. Um caso clássico é a marca mais valiosa do planeta: Coca-Cola, avaliada em R$ 117,6 bilhões pela Interbrands. ;Se um refrigerante normal custa R$ 1 e a Coca-Cola consegue ser vendida a R$ 1,50, essa diferença é o valor da marca, pois é o que ela adicionou ao produto;, revela.

Apesar do difícil cálculo, essa identidade corporativa pode ser considerada um ativo. Desde 2007, a legislação brasileira permite que se contabilize o valor da marca no balanço, mas apenas quando há aquisição ou fusão. ;Houve uma evolução nesse processo, mas ele é lento. Nos Estados Unidos, onde a concorrência é muito mais acirrada, a marca é um diferencial muito grande e chega a ser contabilizada nos balanços;, afirma o professor da ESPM. Machado vai além: ;A marca é como a reputação de uma pessoa. Se você a conhece há anos e ela comete um deslize, você releva uma vez. Mas se ela insiste no erro, isso pode ser fatal para o relacionamento;.

Os Correios, estatal envolvida em vários escândalos políticos e que teve sua confiabilidade arranhada nos últimos anos por atrasos nas entregas e problemas de gestão, merece um olhar cuidadoso dos especialistas. ;Essa série de episódios desagradáveis, com certeza, afetaram a imagem da empresa e, consequentemente, o valor da marca;, diz Marcos Machado. Na opinião do professor, o momento agora é de recuperação da imagem. ;O primeiro passo (a troca da diretoria) nesse sentido já foi dado. Se houver mais escândalos, a situação será ainda mais grave;, alerta.


As mais bem avaliadas

Valor estimado das marcas das estatais (em R$ bilhões)


Banco do Brasil - 11,6
Petrobras - 9,7
Caixa - 7,05
Correios - 3,9
Eletrobras - 2,4
BNDES - 2,3

*dados referentes a 2009, divulgados em março de 2010

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