Genebra (Suiça) - A Organização Internacional do Trabalho (OIT) destacou nesta segunda-feira (24/1) que a recuperação mundial não teve impacto no mercado de trabalho, que permaneceu em baixa, com um recorde de 205 milhões de desempregados, com exceção de alguns países emergentes como o Brasil.
"Apesar de uma forte recuperação do crescimento econômico em muitos países, o número oficial de desempregados continuou em 205 milhões em 2010, essencialmente igual ao de 2009, com um aumento de 27,6 milhões com relação ao início da crise econômica mundial de 2007", destacou a OIT em um relatório publicado em Genebra.
Muitos países superaram a crise, mas as variações nos números da desocupação são insignificantes, em termos absolutos e relativos: o índice de desemprego foi de 6,3% em 2009, de 6,2% em 2010 e "em 2011 será de 6,1%, o equivalente a 203,3 milhões de desempregados", prosseguiu o documento.
Este será, provavelmente, o terceiro ano consecutivo com mais de 200 milhões de pessoas em busca de trabalho em todo o mundo.
Os mais afetados são os países industrializados, onde vivem mais da metade das pessoas que perderam seus empregos desde 2007, apesar de representarem apenas 15% da mão-de-obra de todo o planeta.
Ao contrário, em alguns países emergentes ou em desenvolvimento, como Brasil, Cazaquistão e Tailândia, o índice de desemprego caiu a níveis anteriores à crise, ressaltou a OIT.
Mas isto não é suficiente para reduzir os números globais.
"Apesar da forte diferenciação da recuperação dos mercados de trabalho no mundo, os enormes custos humanos da recessão continuam presentes", disse o diretor-geral da OIT, o chileno Juan Somavía.
A crise também fez estancar a possibilidade de se conseguir um emprego estável. Segundo a OIT, há no mundo todo 1,53 bilhão de pessoas com "emprego vulnerável", como por exemplo, o trabalho temporário.
"A incidência do emprego vulnerável permaneceu em geral igual a 2008, em contraste com a gradativa e significativa redução deste índice nos anos anteriores à crise", destacou a entidade.
Jovens
O desemprego juvenil, que este ano foi o elemendo desencadeador de distúrbios sociais na Grécia e na Tunísia, tem uma evolução igualmente desanimadora: no ano passado havia 77,7 milhões de desocupados de 15 a 24 anos, menos que em 2009 (79,6 milhões), mas ainda são muitos mais que os 73,5 milhões registrados em 2007.
"O emprego juvenil é uma prioridade mundial", afirmou Somavía.
Por outro lado, cada vez mais pessoas abandonam as tentativas de procurar trabalho e na maioria dos países deixam, por este motivo, de aparecer nas estatísticas. Em 56 países onde estes cálculos são feitos, 1,7 milhão de jovens saíram dos registros de pessoas que procuram emprego em um ano.
A impossibilidade de encontrar um trabalho decente "reforça a incapacidade da economia mundial de assegurar um futuro a todos os jovens" e "isto mina as famílias, a coesão social e a credibilidade das políticas" públicas, alertou a OIT.