postado em 25/01/2011 12:20
Brasília - A recuperação do nível de emprego deve seguir em ritmo lento em 2011, especialmente nos países desenvolvidos, apesar de indicadores apontarem melhorias na economia. É o que indica um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado nesta terça-feira (25/1), em Genebra, na Suíça. O órgão estima que o desemprego deve atingir 203 milhões de pessoas este ano.A estimativa representa uma taxa de 6,1%, ligeiramente mais baixa que os 6,2% registrados em 2010 e os 6,3% de 2009. Antes da crise econômica global, em 2007, o índice de desemprego era de 5,6%. "Apesar da recuperação do mercado de trabalho no mundo, o enorme custo humano causado pela recessão permanece", diz o diretor-geral da OIT, Juan Somavia.
Somavia afirmou que o combate ao desemprego é um dos desafios do Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça) - que começa amanhã (26) e vai até domingo (30). ;Nós precisamos fazer da criação de emprego um objetivo macroeconômico, assim como o são as altas taxas de crescimento, a baixa inflação e os orçamentos equilibrados;, disse.
De acordo com o relatório, 55% do aumento do desemprego no mundo entre 2007 e 2010 foi registrado em países desenvolvidos e na União Europeia, enquanto algumas economias em desenvolvimento, como Brasil, Sri Lanka, Tailândia e Uruguai, as taxas de desemprego chegaram a níveis mais baixos que antes da crise.
A pesquisa da OIT também observa que, em 2009, 630 milhões de trabalhadores - 20,7% de todos os trabalhadores no mundo - viviam com rendimento de até US$ 1,25 (R$ 2,08) por dia. O estudo aponta para possíveis consequências econômicas da demora na abertura de novos postos de trabalho e dos pouco frequentes aumentos de salários.
Para o diretor-geral da OIT, é preciso investir no mercado de trabalho. "Reequilibrar a economia mundial para que o crescimento seja forte e sustentável exige mais do que ajustes dos sistemas monetário e financeiro", afirma Somavia.
Ainda segundo o relatório, o desemprego entre os jovens é quase três vezes maior do que entre os adultos e a situação deve melhorar pouco em 2011. De acordo com o relatório, 78 milhões de jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados em 2010, frente aos 73,5 milhões que não tinham trabalho em 2007, antes da crise.
;Os empregadores preferem contratar os mais experientes para não ter que investir em treinamento;, disse Steven Kapsos, um dos autores do estudo Tendências Mundiais de Emprego 2011.
;Depois, os jovens têm uma rede de contatos muito limitada. E, em terceiro lugar, em geral, eles contam com o apoio da família, então podem aguentar mais tempo desempregados em busca de uma oportunidade melhor;, afirmou Kapsos.
A taxa de desemprego entre os adultos permaneceu estável em 4,8% de 2009 para 2010, a taxa entre os jovens caiu levemente de 12,8% para 12,6%. Segundo o estudo, esse índice deve baixar para 12,3% em 2011, o que ainda preocupa a OIT.
"O emprego dos jovens é uma prioridade global", declarou Juan Somavia. "A frágil recuperação do trabalho reforça o fracasso contínuo da economia global para garantir um futuro para a juventude. Isso enfraquece as famílias, a coesão social e a credibilidade das políticas públicas", acrescenta.
Nos países desenvolvidos, o desafio para os milhares de jovens que entram no mercado de trabalho a cada ano é encontrar emprego. Já em países em desenvolvimento, a questão é arrumar um bom emprego, já que, em grande parte dos casos, os jovens só têm acesso à economia informal.