Economia

Correios deixa de publicar edital e frustra candidatos

postado em 26/01/2011 08:32
Depois de se arrastar por mais de um ano, sofrer contestações do Ministério Público Federal e, em seguida, ser cancelado, o concurso dos Correios para a contratação de cerca de 8 mil funcionários foi novamente adiado. O edital, previsto para sair na última segunda-feira, acabou não sendo publicado. A estatal justifica que o atraso se deve à não contratação da empresa que organizará a disputa. Ao contrário do que ocorreu até o momento, desta vez, a empresa não informou a data provável para que as regras sejam divulgadas. Na audiência pública sobre a seleção, realizada em 16 de dezembro, porém, o coordenador do grupo de trabalho responsável pelo concurso, Moacir Magalhães Martins, explicou que, primeiro, o edital de abertura de inscrições seria lançado sob responsabilidade da própria estatal, para só então a banca organizadora ser contratada. Questionados sobre os motivos da alteração no cronograma, os Correios informaram apenas que o certame será aberto ainda no primeiro semestre deste ano. O concurso aberto em 2010 recebeu mais de 1 milhão de inscrições. Suspeitas de irregularidade na contratação da organizadora, a Fundação Cesgranrio, porém, fizeram com que o processo fosse interrompido. Os candidatos foram chamados a resgatar nas agências espalhadas pelo país o valor da taxa de inscrição até 11 de abril. Para o presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac) e da Vestcon, Ernani Pimentel, o não cumprimento do prazo para o lançamento do edital cria uma instabilidade desnecessária. %u201CCom essa atitude, eles demonstram inexperiência, improvisação e desrespeito aos candidatos. A entidade assumiu um compromisso público e não o honrou%u201D, criticou Pimentel. A professora de direito constitucional da Vestcon Nelma Fontana observou que, diante de mudanças como a revisão de vagas, a empresa tem o direito de adiar um certame. %u201CEstamos em um governo novo, que exige novas posturas. Não é ilegal ou imoral mudar a data do lançamento. O que não é certo é deixar os candidatos sem informação%u201D, destacou. O professor de direito administrativo do Gran Cursos Ivan Lucas de Souza Júnior, por sua vez, afirmou que a administração pública não pode criar expectativas falsas nos candidatos. %u201CA empresa dá a impressão de que não quer fazer o concurso, dados os sucessivos atrasos. É um absurdo que o novo governo, que fala tanto em eficiência, deixe um órgão fazer isso. Os candidatos estão se sentindo palhaços e devem fazer manifestações%u201D, sugeriu Júnior. Leonardo Filardi, 24 anos, cansou de esperar. Graduado em sistema de informação, ele se inscreveu no ano passado para o cargo de analista de desenvolvimento de sistemas e, agora, planejava tentar novamente. %u201CEstá muito bagunçado e a gente acaba perdendo o interesse. Eu queria porque a vaga é na minha área de formação, mas agora comecei a me dedicar para ingressar em outros órgãos%u201D, desabafou.

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