Economia

Inadimplência cai a 5,7%, o menor patamar desde 2001

postado em 27/01/2011 08:24
Há um melhor entendimento das famílias sobre as opções de crédito. Gradualmente, temos notado uma migração dos mais caros para os mais baratosA necessidade de crédito está obrigando o brasileiro a se planejar. Para não ser expulso do paraíso do consumo, a maioria está honrando seus compromissos em dia. A inadimplência, segundo dados do Banco Central, fechou no patamar de 5,7% em 2010 ; o menor desde junho de 2001, quando o calote havia alcançado 5,5% de todas as operações realizadas pelas famílias. A queda dos juros, de 2,1% no último ano, também favoreceu a quitação das dívidas, aliviando um pouco o bolso.

Para Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC, o percentual está em um bom nível, mas, no decorrer de 2011, deve voltar a subir. Carlos Thadeu de Freitas, ex-BC e atualmente economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), concorda com a opinião de Lopes. ;Não será nada alarmante, só um movimento natural. Os dados de 2010, de queda na inadimplência, mostram que o brasileiro está preocupado em manter o nome limpo para não deixar de comprar;, pondera Freitas.

Os números do Banco Central apontam também maior atenção ao uso do crédito. As modalidades mais caras estão perdendo clientes para as mais baratas. Enquanto o consignado avançou 24,7% no ano passado, principalmente entre os trabalhadores da iniciativa privada ; em que houve incremento de 33,3% no período ; o uso do cheque especial cresceu apenas 3% e, em dezembro, caiu 8,5% em relação ao mês anterior. ;Há um melhor entendimento das famílias sobre as opções de crédito. Gradualmente, temos notado uma migração dos mais caros para os mais baratos;, constata Lopes.

Nos últimos anos, a entrada de mais de 30 milhões de brasileiros no mercado consumidor e na pujante classe média tornou-se motivo de preocupação para os órgãos reguladores do sistema financeiro. Antes vivendo à margem do crédito, de uma hora para outra passaram a ter acesso a diversas opções de financiamentos, algumas perigosas como o cartão de crédito e o rotativo do plástico, conhecido também como pagamento mínimo e que chega a cobrar 300% de juros ao ano. Com isso, o governo se viu obrigado a aumentar o controle sobre o setor e o brasileiro, aos poucos, vem aprendendo a organizar seus gastos.

;Houve uma evolução nesse sentido de planejar, mas sempre houve também dificuldade de controle orçamentário. Muita gente foi apresentada recentemente a esse mercado e perdeu o controle com tantas opções. Mas há 10 anos isso era mais grave;, avalia Miguel de Oliveira, economista-chefe da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Contabilidade e Administração (Anefac). Para ele, não existe uma farra do crédito no Brasil. Comparada a outros países, a relação entre crédito e Produto Interno Bruto (PIB) é pequena. ;Ainda existem milhões de brasileiros fora do mercado de crédito;, afirma Oliveira.

Flávio Serrano, economista do Espírito Santo Investment Bank, discorda da tese do economista da Anefac. Segundo ele, se for excluído o financiamento imobiliário ; que realmente tem uma base de comparação muito baixa (representa apenas, 3,8% do PIB) ;, o volume de crédito no país pode ser considerado bem expressivo. ;Fica semelhante a outros países. Podia ser melhor, mas vai continuar a crescer;, argumenta Serrano.

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