Economia

FMI critica contas públicas do Brasil

postado em 28/01/2011 08:38
Ao cobrar das economias avançadas ; Estados Unidos e Japão, principalmente ; planos de redução de deficit mais eficientes, o Fundo Monetário Internacional (FMI) também criticou o Brasil ; em especial, o desajuste fiscal do país. Em seu relatório sobre contas públicas nas nações, o Fundo lembrou que o equilíbrio nos países emergentes, incluindo ainda China e Índia, ficou mais fraco do que o previsto em novembro e ressaltou que a deterioração nas contas fiscais brasileiras está ;particularmente pronunciada;. O organismo alertou ainda que o aumento na entrada de investimentos privados e as condições de crédito facilitadas podem desestimular a criação de mecanismos de proteção à economia.

;Muitos países emergentes precisam reformar suas proteções fiscais mais rápido para enfrentar temores sobre um superaquecimento, ampliar a resposta a qualquer desaceleração no crescimento ou evitar o retorno às políticas pré-cíclicas, que iriam prejudicar sua credibilidade;, declarou o FMI. Em uma análise o deficit global, o Fundo afirmou que o ritmo de corte das dívidas nas economias avançadas deve desacelerar neste ano, principalmente devido a atrasos ems ajustes fiscais nos EUA e no Japão.

Rebaixamento

O alerta surgiu em meio ao anúncio de cortes no rating da dívida soberana do Japão, pela primeira vez desde 2002. O rebaixamento ficou a cargo da agência de classificação de risco Standard & Poor;s, para a qual Tóquio não apresentou um plano crível para lidar com o elevado endividamento do país. ;Nas economias avançadas, em que a sustentabilidade fiscal não tem sido uma preocupação, planos críveis que vão além de 2011 precisam ser colocados em vigência urgentemente, para assegurar a confiança do mercado;, afirmou o Fundo.

No mesmo dia em que o FMI divulgou seu relatório de monitoramento fiscal em Washington, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, aproveitou sua participação no Fórum Econômico Mundial de Davos para enaltecer o papel da instituição. Atual presidente do G-20, o líder europeu defendeu a promoção do organismo internacional ao posto de xerife dos desequilíbrios globais.;Na visão da presidência francesa do
G-20, há somente uma organização internacional que está em posição para fazer isso, que é o FMI;, disse Sarkozy. ;Acho que vale a pena repensar os estatutos do FMI para torná-lo a organização encarregada de coordenações econômicas, financeiras e de política monetária.;


Mercado descrente


Victor Martins

Sem armas para lidar com o excesso de gastos do governo, o Banco Central concentra-se em reconquistar a confiança dos analistas de mercado. Na ata de janeiro do Comitê de Política Monetária (Copom), a instituição tentou convencer os profissionais de bancos e corretoras que as medidas prudenciais que vêm adotando, somadas a um aperto leve na taxa básica de juros (Selic), são suficientes para o combate à inflação. O documento também reconheceu que o custo de vida ;evoluiu desfavoravelmente; desde dezembro e deixou claro que o aperto monetário vai continuar.

Na avaliação de especialistas, o uso de outras ferramentas contra a inflação evidencia a preocupação do governo com o câmbio e os efeitos da Salic sobre ele. A exaltação das medidas prudenciais na ata do Copom mostra ainda que o BC está acuado. De um lado, há a inflação que pressiona o custo de vida e obriga o país à amarga elevação dos juros. Do outro, existe um excesso de liquidez e o derretimento do dólar impedindo que a autoridade monetária atue como deveria. Em meio a tudo, o mercado segue descrente e piora suas expectativas continuamente.

;Há uma descrença de que será feito um ajuste fiscal, o que vai dificultar ainda mais a tarefa do BC;, ponderou Elson Teles, economista-chefe da Máxima Asset Manegement. ;Recuperar a credibilidade vai ser um grande desafio para o BC;, afirmou Felipe França, economista do banco ABC Brasil. Para fazer frente a esse cenário, novas medidas prudenciais não estão descartadas pela equipe econômica, que ainda avalia os efeitos das últimas decisões que tomou.

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