Economia

Brasil inclui guerra cambial na agenda da Rodada de Doha

Agência France-Presse
postado em 29/01/2011 13:33
DAVOS - O ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota, que coordena a delegação brasileira no Fórum Econômico de Davos, discutiu neste sábado os problemas provocados pela valorização de algumas moedas durante uma reunião ministerial da OMC, organizada com os principais países deste órgão à margem do fórum para encotrar uma solução para a Rodada de Doha.

"Levantamos a questão. O meio ambiente no qual trabalhamos era uma coisa em 2008. Agora, há uma situação diferente", disse Patriota, que falou à imprensa após o término da reunião dos países da OMC, convocada pela União Europeia (UE).

"A apreciação das moedas é certamente uma parte da situação hoje em dia", destacou.

Os principais países da Organização Mundial do Comércio (OMC) fixaram neste sábado o mês de julho como meta para concluir a tumultuada Rodada de Doha de liberalização das trocas comerciais, indicou o comissário europeu do Comércio, Karel De Gucht.

"Todos concordam, chegamos à parte final do jogo, e devemos ter um acordo em julho", disse De Gucht, após uma reunião organizada à margem do Fórum Econômico Mundial de Davos, da qual participaram, além do Brasil, outros 25 países, como Estados Unidos, China e Índia.

Em tom bem menos otimista, Patriota manteve a prudência e afirmou que "ainda há diferenças" acerca do que deve ser feito para alcançar um acordo.

"Aqueles que pedem mais também devem dar mais", insistiu Patriota, aludindo às demandas dos Estados Unidos de mais concessões por parte de países emergentes como Brasil e Índia.

Na quarta-feira, o chanceler brasileiro já havia expressado em Bruxelas a preocupação do Brasil com a influência do real valorizado sobre as negociações de um tratado de livre comércio entre UE e Mercosul.

No acumulado de 2010, o real registrou uma valorização de 4,6%, depois de ganhar 32% em 2009 e mais de 100% nos oito anos de mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2009).

As negociações de Doha, cujo objetivo é reduzir ou extinguir direitos tarifários de milhares de produtos, além de limitar consideravelmente os subsídios à agricultura, começaram em 2001 na capital do Qatar.

Entretanto, permanecem estagnadas há mais de dois anos, devido a persistentes desacordos entre países desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento.

"Ainda há muito trabalho a fazer. Por isso, precisamos de novos projetos de textos em março", disse Karel De Gucht, referindo-se a propostas para cumprir a meta da rodada até julho.

O ministro japonês da Economia, Comércio e Indústria, Banri Kaieda, confirmou que os participantes da reunião concordaram em "oter um texto revisado até a Páscoa, no fim de abril, e um conjunto (de propostas) concluído em julho".

O representante de Comércio americano Ron Kirk, por sua vez, declarou que seu país está comprometido com o desenvolvimento de um acordo, mas que por enquanto "não houve um acordo geral quanto a um prazo".

Na mesma sintonia de Pascal Lamy, diretor-geral da OMC, admitiu que "para os padrões internacionais, os prazos não são vinculantes".

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