postado em 03/02/2011 08:00
Apesar dos esforços do Banco Central para conter a enxurrada de capitais estrangeiros e o excesso de dinheiro em circulação, a entrada de dólares no país deixou um saldo positivo de US$ 12,3 bilhões até 28 de janeiro ; volume bem próximo do recorde do ano passado (US$ 13,7 bilhões de setembro). O bom resultado foi impulsionado pela megacapitalização da Petrobras. A diferença entre juros cobrados no Brasil e taxas reduzidas oferecidas no exterior têm sido o principal motor do fluxo de moeda estrangeira. Com o novo ciclo de aperto monetário iniciado pelo BC e as taxas internacionais em níveis mínimos, as empresas brasileiras aproveitam para emitir títulos externos e captar recursos. ;Estão refazendo suas linhas externas de financiamento, que haviam sido liquidadas em 2008;, explicou Sidnei Nehme, economista e diretor executivo da corretora NGO. Só em janeiro, com essa dinâmica, mais de US$ 10 bilhões entraram no país. ;As companhias estão aproveitando o bom momento e barateando seus custos de financiamento;, avaliou Jankiel Santos, economista-chefe do Espírito Santo Investiment Bank.
Ritmo
De todo o saldo do fluxo cambial, uma parcela de 94% ingressou via mercado financeiro. Na última semana, quase US$ 4 bilhões entraram dessa maneira. Na conta comercial, em que são contabilizados os contratos de importações e exportações, a movimentação foi bem mais tímida no período: US$ 750 milhões. Na avaliação de especialistas, o intenso desembarque de recursos ainda não deu sinais de que irá arrefecer o ritmo, ou seja, a entrada maciça de dólares deverá continuar em fevereiro.
Tamanho excesso de liquidez no mercado brasileiro acendeu o sinal de alerta no BC, que atuou pesadamente para enxugar o mercado e evitar um derretimento mais acentuado do dólar. Até 28 de janeiro, a autoridade monetária comprou US$ 7,2 bilhões nos leilões que realizou ; mais que o dobro da média das aquisições mensais do ano passado, quando elas ficaram em US$ 3,4 bilhões ao mês.
INTERVENÇÃO LEVA DÓLAR A R$ 1,668
; Apesar das fortes intervenções do Banco Central, o real não se desvalorizou frente o dólar e a divisa norte-americana se manteve próxima dos R$ 1,60. Ontem, com mais compras da autoridade monetária no mercado à vista, a moeda fechou o dia cotada a R$ 1,668, com ligeira elevação de 0,24%. A despeito dessa alta, no ano, a valorização não passou de 0,05%. Para Fábio Gallo Garcia, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), as ações que o BC têm adotado para conter o derretimento do dólar não têm eficácia no médio e no longo prazos. ;Não adianta o BC comprar todos os dólares do mercado. Ele já tomou atitudes corretas, como minimizar a posição vendida dos bancos e elevar a tributação para entrada de capital estrangeiro, mas todas essas armas são limitadas;, argumentou.